As minutas da última reunião do FOMC revelam que o comitê segue observando sinais de força do mercado de trabalho, bem como novos riscos altistas da inflação associados à permanência do conflito geopolítico no leste europeu e aos lockdowns na China.
Sobre atividade, o FOMC reconhece a queda no primeiro trimestre, mas pondera com a resiliência do investimento privado e do consumo das famílias. Somado a isso, as condições de aperto no mercado de trabalho à frente são consistentes para o momento na economia doméstica. Dessa forma, o comitê espera crescimento sólido do PIB real no trimestre atual. Os participantes esperam crescimento robusto do consumo privado, proporcionado pela alta poupança das famílias, ampla disponibilidade de vagas e a resiliência da economia ante a onda Ômicron. Vale ressaltar ainda que o comitê espera prolongamento das restrições nas cadeias produtivas. Sobre o mercado de trabalho, alguns membros sugeriram que a perda de poder de compra dos agentes pode ter contribuído para o aumento na oferta de trabalho. De toda forma, esperam que o mercado de trabalho e os salários permaneçam apertados.
Em termos de preço, o FOMC reconhece a inflação significativamente acima da meta e afirma que os riscos são altistas. Entre esses riscos, cita os associados aos gargalos de fornecimento e alta de commodities agrícolas e energéticas, potencializados pelo conflito Rússia-Ucrânia e os lockdowns na China; os associados ao mercado de trabalho, como crescimento nominal dos salários e a alta poupança das famílias. O comitê comentou a elevação das medidas de expectativa de inflação de curto-prazo, mas ressaltou que as medidas de longo-prazo (obtidas a partir de pesquisas domiciliares, projeções e participantes do mercado) aparentam estar consistentes com a meta do FOMC. Como no comunicado, a alta ressalta que o comitê está “altamente atento” aos riscos inflacionários e às expectativas de inflação.
Finalmente, o FOMC detalha a discussão do quantitative tightening. Todos os participantes concordaram com o plano de redução do balanço de ativos, que se iniciará no dia primeiro de junho. Um número de participantes salientou que, no decorrer do processo, seria apropriado considerar a venda de agency mortgage-backed securities (MBS) de modo a facilitar um portfólio do SOMA (System Open Market Account) composto majoritariamente por títulos do tesouro. A ata ressalta que qualquer plano de venda das MBS seria anunciado com antecedência. Alguns participantes ainda apontaram para o risco potencial inesperado da redução do balanço sobre as condições financeiras.
Em relação à ação do comitê, destaca-se que a decisão de aumento de 50bps foi unânime. Como destacado no comunicado e na conferência de imprensa, os participantes afirmaram que aumentos da mesma magnitude seriam apropriados nas duas próximas reuniões. À frente, a ata reafirma a importância de se mover rapidamente (expeditiously) para o patamar neutro. Isso posto, vários participantes avaliaram que a retirada de estímulo deixaria o comitê bem posicionado no final do ano e uma postura restritiva da política monetária poderia ser apropriada.
Na nossa leitura, o tom do documento foi neutro. Antevemos mais duas a três altas de 50bps e altas de 25bps subsequentemente até a taxa de juros atingir ao menos o patamar de 3,5% a.a.
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