A Yduqs (YDUQ3) prevê atingir base de 1 milhão de alunos em cerca de dois anos, apoiada na expansão do ensino à distância (EAD) e no seu sistema próprio de educação para atender um número crescente de egressos do Fies e aqueles que buscaram canais digitais na esteira dos efeitos da Covid-19.
“Tínhamos o EAD há muito tempo na cabeça e a pandemia nos fez acelerar isso e melhorar a qualidade para aumentar os níveis de retenção”, disse o presidente-executivo da Yduqs, Eduardo Parente, em entrevista à Reuters, citando entre outros fatores o maior conteúdo online para aulas presenciais.
Yduqs: segmento
Um dos maiores grupos do setor no país, a Yduqs teve um salto de 54% na captação de alunos do ensino à distância na segunda metade de 2020, no comparativo ano a ano, para cerca de 380 mil, diante da base total de 750 mil.
Segundo Parente, investimentos feitos pelo grupo para melhorar o conteúdo do EAD a partir de 2019 ganharam força em março, na esteira de medidas de isolamento social, surtiram efeito nos meses seguintes, com o nível médio de aprovação dos alunos (NPS) subindo 17 pontos percentuais.
Yduqs: esforço
Parte desse esforço foi na expansão do desenvolvimento de sistema próprio de conteúdo, por meio de sua unidade EnsineMe. De acordo com o executivo, isso ajudou a sustentar níveis de retenção, incluindo de alunos egressos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que encontraram nos cursos à distância, mais baratos que os presenciais, uma forma de continuar estudando após o fim do programa federal de subsídio.
A ampliação da base no EAD ajudou a compensar perdas de cerca de R$ 450 milhões com a desidratação do Fies, disse o executivo. Além de ampliar a produção interna de material didático, a Yduqs planeja abrir mais 500 polos de ensino a distância neste ano, para um total de 2 mil cidades no país. Os polos são bases de apoio para alunos do EAD.
Yduqs: ações
Após ter visto suas ações derreterem mais cerca de 60% no ano passado, diante das incertezas com os efeitos da pandemia, a Yduqs reduziu essas perdas à metade nos últimos meses, à medida que bancos e gestoras têm emitido visões mais otimistas para a companhia no médio prazo. Bradesco e XP elegeram a Yduqs como principal escolha no segmento no país, pontuando expectativas de crescimento apoiado no EAD.
A recuperação, mesmo que parcial, a fez superar em valor de mercado sua maior rival, a Cogna, que encerrou o terceiro trimestre com 817,7 mil alunos de ensino superior e sobre a qual pairam dúvidas maiores de analistas, devido a investimentos feitos no ensino presencial antes do início da pandemia.
Estácio
Dona da Estácio, de cursos superiores com foco nas classes C e D; do Ibmec, de educação executiva; a Yduqs também prevê crescer via aquisições para ampliar sua rede presencial, com ênfase em São Paulo e nas regiões Centro-Oeste e Sul do país. O mix de expansão do EAD com crescimento não orgânico permitirá que as receitas voltem a aumentar em 2021, após terem ficado quase estáveis no ano passado, disse ele.
Parente, um ex-executivo da Vale, disse que os efeitos da pandemia estão deixando mais claro quais áreas os maiores grupos de educação pretendem priorizar no Brasil. No caso da Yduqs, ensinos médio e fundamental não fazem parte dos planos, tampouco a venda de sistemas de educação, afirmou.
Ativos
Após ter perdido a disputa pelos ativos do Grupo Laureate, vendidos em novembro para a Ânima por R$ 4,4 bilhões, e com caixa de quase R$ 2 bilhões, a Yduqs está financeiramente sólida para seguir ampliando sua base de ensino presencial via aquisições, disse Parente.
“Mas após a pandemia nós ficamos bem mais cautelosos em relação ao que vale e ao que não vale a pena (comprar)”, disse.
A Yduqs divulga seus resultados do quarto trimestre em 17 de março e discute os números com analistas e investidores em teleconferência no dia seguinte.
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