Verde explica 2º ano negativo na história: “o Brasil é complexo”

A gestora, em carta, explicou que não acreditava no rompimento do teto, o que acabou acontecendo

Apenas pela segunda vez na história, o fundo Verde de Luis Stuhlberger fechou um ano no vermelho. “É um resultado que nos deixa frustrados e demanda uma análise um pouco mais detalhada”, explica o fundo, tido como um dos melhores do Brasil e que caiu 1,13% no ano, depois de alta de 2,14% apenas no mês de dezembro.

E a grande culpa foi o ambiente brasileiro: as ações daqui não foram para frente, prejudicando a estratégia do fundo. “O grande detrator do portfólio do Verde no ano foi a exposição em ações no Brasil. O fundo manteve uma exposição média comprada em torno de 27% no ano, e teve uma perda nessa carteira em torno de 21%”, afirma.

Havia três fatores que justificavam essa estratégia. “O modelo que justificava tal exposição passava por (i) agilidade da vacinação ao longo do ano levando a (ii) reabertura da economia com aceleração do crescimento e (iii) aperto gradual das taxas de juros pelo Banco Central, sem, no entanto, atrapalhar sobremaneira o valuation das companhias nas quais investimos”, ressalta a carta aos gestores.

E, embora estivessem certos sobre parte desses assuntos, o governo acabou por fazer um cavalo de pau que prejudicou o andamento do mercado. “Embora tenhamos acertado a direção dos primeiros itens, e o mercado brasileiro tenha ido bem até meados de julho, no segundo semestre do ano a implosão do teto dos gastos pelo governo, via a PEC dos Precatórios, alterou de modo importante todo o equilíbrio macro e microeconômico do Brasil, afetando os preços dos ativos significativamente”, destaca.

O rompimento do teto fez a tese de investimentos para 2021 desandar. “Não acreditávamos no rompimento do teto, embora acompanhássemos as pressões crescentes, por considerar que os incentivos políticos para tal era ruins. No entanto, o Governo optou por outro caminho, o que levou as taxas de juros de longo prazo no país para níveis acima de 12%, contratando uma recessão para 2022 e afetando as taxas de desconto exigidas para qualquer ativo de risco no país”, completa.

Investir em ações, porém, é uma crença para o Verde – e não é um ano negativo que vai mudar essa percepção, até pelo fato de que a estratégia em investimentos pode eventualmente retornar excelentes resultados – não se está comprado em ações para o resultado em apenas um ano. “O modelo de gestão do Verde sempre envolveu o investimento em ações. Acreditamos que ao manter participação em excelentes companhias, podemos compor capital no longo prazo de maneira importante”, afirma.

Eles destacam que o nosso País é difícil de operar. “Obviamente o Brasil é um país complexo, mas o investimento em companhias bem-geridas, com posições competitivas sólidas, sempre nos pareceu, e continua a parecer, uma boa alocação de capital. Durante toda sua história, o fundo passou por outros momentos difíceis para o mercado acionário, e conseguimos defender as perdas com posições de hedge em mercados de juros e/ou câmbio”, afirma a carta.

E em 2021, foi difícil se defender. “Este foi nosso principal erro de gestão em 2021: não conseguir defender a enorme deterioração do mercado de ações brasileiro. No câmbio, o Real se desvalorizou, mas timidamente vis a vis o tamanho do aumento do prêmio de risco, e não tivemos sucesso em capturar essa tendência da moeda. Já o mercado de juros teve enorme movimento no ano, e ofereceu oportunidades para proteger o portfólio de ações”, destaca.

A política brasileira e mundial foi complicada para o Fundo Verde. “Não acreditávamos na implosão do teto e no Brasil caminhando para uma taxa de juro real substancialmente acima de níveis de equilíbrio. O mercado global trouxe alegrias e frustrações ao longo de 2021 para o fundo”, salienta. “Tivemos bom retorno investindo em ações globalmente, mas com alocações pequenas. As grandes posições macro foram nos mercados de juros dos países desenvolvidos, com posições tomadas na ponta longa na Europa sendo as grandes ganhadoras do ano, e posições tomadas na curva americana sendo a grande frustração”, completa.

Outros investimentos realizados pelo Verde, como em criptos, fizeram sucesso. “Além disso tivemos sucesso com alocações de cripto, crédito, commodities e moedas no ano, embora pequenas todas adicionaram valor ao fundo e seguem uma estratégia da gestão de diversificar a alocação de capital do Verde”, conta a carta.

E para 2022, o Fundo Verde ressalta que não vai ser um ano simples. “O ano de 2022 começa com muitas incertezas, seja no cenário externo, onde vislumbramos o início de um crucial processo de aperto de política monetária nos EUA; seja no cenário interno, onde temos uma eleição presidencial e toda complexidade que isso envolve, em meio a uma forte desaceleração da economia”, destaca.

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“Com este pano de fundo, o Verde mantém posições compradas em ações em torno de 27.5% do portfólio (dos quais 23.5% no mercado local), posições tomadas em juros nos EUA e na Europa, alocação em juro real e inflação implícita no Brasil, e pequenas exposições compradas em rublo e petróleo”, termina.

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