A proposta de mudança do estatuto da Vale (VALE3), que mexe com as regras para eleição de conselheiros, passará pela lupa da associação que representa os investidores minoritários, a Amec.
De acordo com o Estadão, a ideia é que um conselheiro só seja eleito quando o número de votos favoráveis que receba supere os votos contrários. Nas empresas de capital aberto, os votos contra são, de maneira geral, considerados nulos. A mudança já seria válida para a próxima assembleia de acionistas, em abril, a primeira desde o fim do acordo de acionistas da mineradora.
Amec
Para a Amec, que reúne 60 investidores institucionais, locais e estrangeiros, com mandatos de investimento no mercado brasileiro de ações de aproximadamente R$ 700 bilhões, essa mudança dá o poder de veto ao acionista de referênci. Seria uma iniciativa inédita no País. A reunião está agendada para hoje.
Na reunião, segundo o presidente da Amec, Fábio Coelho, os associados da entidade vão olhar o assunto diante da preocupação de que essa novidades possa criar precedentes, com a possibilidade de mais empresas mudarem o estatuto para prever a contabilidade do voto contra. “Por se tratar de uma inovação, não sabemos ainda quais seriam todas as consequências para as deliberações de empresas com base acionária mais complexa. E isso poderia prejudicar a eleição nos Conselhos”, diz ele.
Conselho
No conselho que aprovou essa mudança, dois votos foram contrários. “Não parece crível que uma companhia como a Vale, cujos valores são amplamente reforçados em mídia diante de seu valioso histórico, busque suprimir, mais uma vez, a minoria, mas agora em relação aos seus acionistas, implementando o voto negativo como sendo voto de qualidade”, disse em seu voto o conselheiro Marcelo Gasparino.
Já Isabella Saboya, afirmou, também em seu voto, que a previsão de contabilizar votos contrários vai na direção oposto de uma “verdadeira corporação”, ou seja, uma empresa de capital pulverizado. “Receio que oficializar essa metodologia em estatuto transmita uma mensagem oposta em relação ao caminho da Vale para ser uma true corporation. A matéria é nova no arcabouço regulatório brasileiro e portanto, a meu ver, arriscada”, disse.
Investidores
Investidores estrangeiros, caso do Capital Group, que já são maioria no capital da mineradora brasileira, estão bastante atentos ao assunto. Ano passado, aliás, investidores estrangeiros fizeram uma demanda à Vale, pedindo que a eleição de conselheiros não fosse mais feita com uma “chapa”. A Vale, contudo, ao fazer a mudança para extinguir a eleição por chapa instaurou o uso do voto contrário e trouxe essa insatisfação. Procurada, a Vale não comentou.
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