A Rússia listou duas condições para o fim da guerra na manhã desta segunda-feira (7), em linha com as motivações que fizeram o país iniciar o conflito na semana retrasada. Se as duas condições forem atendidas pelo governo ucraniano, a operação militar terá fim “imediato”. O alongamento do conflito é prejudicial para a economia russa, que sofre com pesadas sanções.
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Ucrânia fora da OTAN e da União Europeia
A primeira condição – e mais importante – é que a Ucrânia altere a sua constituição para que ela não entre em nenhuma organização, nem na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e nem na União Europeia. A OTAN é mais grave que a UE, já que se trata de uma organização militar justamente para ser um contraponto aos russos – e abriria espaço para tropas americanas ficarem estacionadas a poucas horas de Moscou.
Nem todos os membros da União Europeia são membros da OTAN, mas é muito improvável que um ataque a um membro da União Europeia não se torne um ataque a todos os membros. Portanto, os russos não querem pagar para ver e deixar a Ucrânia se integrar com o resto do continente europeu – preferindo o país na esfera de influência russa. Além disso, a Ucrânia na EU deixaria uma porta de entrada muito fácil para a OTAN, o que os russos não querem de jeito nenhum.
Crimeia, Luhansk e Donetsk
A segunda condição é que o governo ucraniano reconheça o destino desses três territórios. A Crimeia foi anexada pelos russos em 2014 após uma breve guerra – e um plebiscito na região que foi favorável à integração com a Rússia -, mas nunca foi reconhecida como território russo. As pessoas que lá vivem se entendem como russas, falam russo e são, na maioria dos casos, de descendência russa – a Crimeia havia sido parte da Rússia até 1956, quando foi transferida para a Ucrânia na época da União Soviética.
Como era uma transferência doméstica, quase o equivalente a Minas Gerais transferir Juiz de Fora para o Rio de Janeiro, isso não foi uma questão até a independência ucraniana da União Soviética. Contudo, a Crimeia é uma importante saída para o Mar Negro, ponto importantíssimo para a marinha de guerra russa desde os períodos soviéticos, o que teria “justificado” a pressa em anexar em 2014.
Outros dois territórios que deverão ser reavaliados pelo governo ucraniano são as províncias separatistas de Luhansk e Donetsk, no leste do país. Esses territórios também são de maioria russa e estão em conflito com o governo de Kiev desde 2014. O governo russo quer que a Ucrânia reconheça a soberania dos governos separatistas sobre a região – o que também abriria espaço para que eles, no futuro próximo, sejam anexados pela Rússia.