Há espaço para o real se recuperar conforme o cenário fiscal de 2021 ficar mais claro, mas a volatilidade seguirá alta, e o prêmio de risco local no câmbio já está perto dos níveis de outubro, auge dos receios com as contas públicas, avaliou o Barclays nesta quarta-feira (27).
“A perspectiva para os ativos locais parece mais desafiadora, conforme a ressurgência dos números de Covid e medidas de restrição (social) trazem pressão pela renovação do auxílio emergencial”, disseram Roberto Secemski e Juan Prada em nota.
Real: os profissionais
Segundo a Reuters, os profissionais usaram boa parte do espaço do relatório para tratar da possibilidade de volta da ajuda emergencial, que vigorou ao longo do ano passado. Segundo eles, uma extensão temporária do programa não seria recebida de forma “excessivamente negativa” se vier combinada com “(futuras) medidas de austeridade”.
De acordo com Secemski e Prada, a discussão sobre o Orçamento e como acomodar outras pressões de gastos embaixo do teto de gastos poderia ser “mais preocupante”. Uma saída seria o governo recorrer a créditos extraordinários, que ficam de fora do teto. Outra opção —que, para o Barclays, seria mais malvista pelo mercado— seria o governo reeditar o estado de calamidade pública (expirado em dezembro), suspendendo regras fiscais.
Contexto
Nesse contexto, que manterá a volatilidade cambial em alta, o Barclays vê o Banco Central ainda ativo em intervenções no câmbio a fim de “reduzir o viés de alta do dólar ante o real e a volatilidade”. “Uma postura mais ‘hawkish’ na política monetária (também) pode prover suporte à moeda”, acrescentou o banco.
Uma renovação do auxílio emergencial levaria a um aumento da Selic já em março, ante a previsão atual do Barclays (maio), devido a “maiores receios inflacionários e possivelmente resultando em um ciclo maior e em uma Selic acima dos 4,0% que prevemos para 2021”.
Curva DI
A curva de DI embute altas da Selic em março e uma taxa terminal perto de 5,5% em 2021 e de 7,5% em 2022 —trajetória “muito mais agressiva” que a expectativa do banco e do mercado em geral e, segundo o Barclays, consistente com um quadro em que a âncora fiscal é perdida.
“Se a incerteza fiscal for resolvida de forma que respeite o teto de gasto, a compressão do prêmio de risco favoreceria os vendidos em taxa”, disseram Secemski e Prada. “Sob nossa trajetória prevista, o DI janeiro 2023 tem mais espaço para ganhar (yields caírem) do que o DI janeiro 2022 e menos espaço de baixa no caso de um desfecho fiscal negativo”, adicionaram, ponderando que seguem com posições compradas em PU no DI janeiro 2023.
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