PMI do País cai para 47,8 em julho

Corte da taxa de juros poderiam estimular gastos de famílias e investimentos

O desempenho da economia industrial do Brasil foi novamente limitado pela retração da demanda. Esse resultado acarretou novos cortes nos cronogramas de produção, empregos e níveis de compras. Os dados são do S&P Global Market Intelligence e foram apresentados hoje.

A retração global da demanda por matérias-primas e a falta de pressão nas cadeias de suprimentos levaram à redução mais acentuada nos custos dos insumos. O contração já foi registrada em 17 anos e meio de coleta de dados. Influenciadas por iniciativas de economia de custos e aumento das vendas, as empresas reduziram os preços de venda no maior nível já registrado desde junho de 2009.

“Os resultados de julho para o setor industrial brasileiro têm implicações significativas para o desempenho econômico do país, o mercado de trabalho e as taxas de juros”, disse a diretora Associada de Economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima.

Aos 47,8 em julho, o Índice Gerente de Compras – PMI, ajustado, do setor industrial do Brasil da S&P Global ficou abaixo de 50,0 pelo 9º mês consecutivo.

Apesar de sinalizar uma deterioração prolongada na saúde do setor, a última análise subiu dos 46,6 registrados em junho para o nível mais alto em cinco meses.

De acordo com os participantes da pesquisa, condições econômicas difíceis e demanda desfavorável dos clientes reduziram os pedidos às fábricas em julho. A queda mais recente nas vendas foi a décima em meses consecutivos, embora moderada e a mais lenta desde fevereiro.

“O enfraquecimento prolongado da demanda, que restringiu os pedidos às fábricas e a produção nos últimos meses, indica uma contribuição menor do setor para o PIB no segundo trimestre de 2023 e no terceiro trimestre até o momento”, considera De Lima.

Esta redução contínua nas demandas de novos negócios levou as empresas a reavaliar suas necessidades de estoques. O mês de julho registrou a 10ª redução consecutiva nos níveis de compras, embora esta tenha sido a menos acentuada desde outubro do ano passado.

“Em relação a emprego, a pesquisa PMI mostrou que o modo retraído em que o setor industrial se encontra se traduziu em menos oportunidades de trabalho e menores perspectivas de emprego.”

Por sua vez, a demanda fraca por matérias-primas e a maior disponibilidade nos fornecedores levaram a outra queda nos custos dos insumos. A taxa de redução foi acentuada e a mais acelerada na história da pesquisa (desde fevereiro de 2006).

A demanda decrescente e economias de custos viabilizaram a quarta redução consecutiva nos preços cobrados por produtos brasileiros no início do terceiro trimestre. A taxa de desconto foi acentuada e a mais forte desde junho de 2009.

Em outras áreas, os fabricantes de produtos sinalizaram uma queda em novos pedidos para exportação, estendendo a atual.

A sequência de redução observada desde março de 2022. Os participantes da pesquisa indicaram uma demanda mais fraca de clientes da América Latina, mencionando em particular a Argentina e a Colômbia. A taxa geral de contração nas vendas internacionais foi moderada e mais lenta do que a registrada em junho.

Com a redução do total de novos pedidos e das vendas internacionais no início do terceiro trimestre, os fabricantes cortaram os volumes de produção. Embora tenha sido moderada e a mais fraca desde fevereiro, a queda mais recente estendeu a atual sequência de redução para nove meses.

A redução nos requisitos de produção e a falta de pressão sobre as capacidades operacionais instigaram outra rodada de demissões no setor industrial do Brasil. No entanto, o ritmo de contração nos empregos foi apenas modesto.

O excedente de capacidade foi evidenciado pela queda contínua nos volumes de negócios pendentes. Apesar de acentuada e a vigésima sexta no mesmo número de meses, a queda nos pedidos em atraso foi a mais lenta desde setembro de 2022.

Os fabricantes reestruturaram os estoques de insumos em julho, embora a taxa de redução tenha sido apenas modesta.

Por outro lado, os estoques de produtos acabados aumentaram ainda mais, embora a um ritmo marginal, que foi o mais lento no atual período de acumulação de três meses.
Enquanto isso, os prazos médios de entrega de insumos diminuíram a um ritmo quase recorde, à medida que a demanda global reduzida por matérias-primas resultou em níveis de estoque mais altos nos fornecedores.

Em relação ao futuro, os fabricantes se mostraram mais otimistas no que diz respeito às perspectivas de crescimento.

As previsões de que o controle da inflação iria permitir cortes nas taxas de juros foram essenciais para a avaliação positiva, embora outras oportunidades relacionadas às perspectivas, como expansão de novas fábricas e diversificação de produtos, também tenham sido mencionadas.

“Considerando o estado do setor industrial, uma queda recorde nos custos dos insumos já registrada pela pesquisa e a redução mais acentuada nos preços de bens finais desde 2009, o Banco Central poderia acelerar sua decisão de cortar as taxas de juros. Reduções na taxa de referência poderiam estimular gastos de famílias e investimentos de empresas, beneficiando a economia e potencialmente tirando a indústria da sua crise atual.”

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