A quantidade de pedidos de recuperação judicial no país em 2020 totalizou 1.179 no período de janeiro a dezembro. O montante é 15% menor que o total registrado no mesmo período do ano anterior. Os dados, divulgados ontem (21), são da Serasa Experian.
De acordo com a entidade, a expectativa do aumento do número de pedidos de RJ em 2020 não se concretizou. “Com a facilitação de prazos feita pelos credores, os juros mais baixos e as novas linhas de crédito disponibilizadas, os donos de negócios recorreram menos à recuperação judicial, que já é naturalmente o último recurso das empresas com dificuldades financeiras”, destacou o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Resolução: recuperação judicial
Segundo a entidade, muitos empresários optaram por aguardar a resolução da nova Lei de Falências, sancionada pelo governo federal no final de dezembro, que permite, por exemplo, que as empresas façam financiamentos durante a recuperação judicial.
Entre os segmentos, o que apresentou maior quantidade de pedidos em 2020 foi Serviço, com 589 solicitações e queda de 1,5% em relação a 2019. O setor do Comércio fez 278 requisições (queda de 20,3% em relação à 2019), seguido pela Indústria, com 203 pedidos (-25%); e o Setor Primário, com 109 solicitações (-35,5%).
Por porte, as micro e pequenas empresas foram as que registraram o maior volume de requerimentos (752) em 2020, seguidas pelas médias (282) e grandes (145).
São Paulo
O número de pedidos de recuperação judicial apresentados até setembro desde ano já superam o montante anual registrado em 2018 e 2019, aponta um levantamento feito pela ABJ (Associação Brasileira de Jurimetria).
Neste ano, segundo a associação, foram feitos 132 pedidos de janeiro a setembro, enquanto o total de solicitações apresentadas no estado nos anos de 2018 e 2019 foram de 108 e 101, respectivamente.
O levantamento da ABJ ainda aponta que 92,4% dos pedidos de recuperação judicial feitos neste ano vieram do interior do estado (122 das 132 solicitações).
Segundo o advogado e presidente da comissão de estudos em falência e recuperação judicial da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) Campinas, Fernando Pompeu Luccas, houve um atraso no registro das recuperações judiciais durante a pandemia. Sendo assim, há uma tendência de que novos pedidos ainda podem surgir até 2021.
Para ele, há uma ligação entre o fim dos auxílios e das medidas emergenciais de crédito, com suporte do governo, e o aumento nos pedidos de recuperação judicial.
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