O mercado já começa a começar a “aceitar” a possibilidade de que o ex-presidente Lula ganhe a eleição em outubro – a ponto de aceitar conversar com um “Lula de centro” e, de acordo com o portal Metrópoles, o BTG ser o maior doador no recente jantar em homenagem ao candidato petista.
Só que as incertezas cercam a candidatura de Lula, e a Garde, em carta dos gestores determinou: a principal questão agora a ser respondida é: o que esperar de um terceiro governo Lula? “A resposta é envolta em incertezas, até pelo estágio inicial do processo eleitoral em que nos encontramos, onde alianças ainda estão sendo formadas e não há sinalizações fortes em relação aos programas de governo dos candidatos”.
Eles ressaltam que, em teoria, a história dos governos do PT – que comandou o Brasil de 2003 até 2016 – serviria de baliza sobre o que esperar de um possível governo. Contudo, eles lembram, que os governos petistas tiveram grandes divergências entre si. O primeira mandato do Lula foi pró-mercado, fiscalista e reformista, enquanto a Dilma Rousseff adotou a famosa “Nova Matriz Econômica” baseada em intervencionismo, políticas fiscais e parafiscais e política monetária expansionista.
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Dentro deste cenário, eles reproduziram a metodologia do Índice de Adesão à Agenda Liberal (IAAL-Garde) para os cinco principais candidatos: Lula (PT), Bolsonaro (PL), Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e Dória (PSDB). “Vale ressaltar que existe um alto grau de discricionariedade nas notas atribuídas, que além disso não são estáticas e deverão mudar ao longo do processo eleitoral”, ressalta a Garde. Eles também avaliaram Lula 2003 e a Nova Matriz Econômica de Dilma.
Bolsonaro é levemente menos liberal que Lula foi no primeiro mandato – recebendo nota 7,3 contra 7,4 de Lula 1. Lula hoje recebe nota 5, jogada para baixo pela sua visão inchada de Estado, que recebeu nota 1,8 – menos até que a Nova Matriz Econômica, que levou nota 2,5 neste segmento. O candidato mais liberal é Dória, que recebeu nota 8,5%, inclusive a única nota 10 da metodologia, em política monetária. Ciro, surpreendentemente talvez, ficou levemente mais liberal que Lula, e é tido como fiscalmente mais responsável que seu rival na esquerda.
“Dos candidatos, o governador de São Paulo, João Dória, é o que apresenta a melhor nota auferida com relativa acurácia, uma vez que o governador é bem vocal em relação às suas posições econômicas”, destaca a gestora. Em torno de Moro, há “diversas lacunas”, dado que suas opiniões ainda são escassas. “Atribuímos a nota dando o benefício da dúvida, dada a indicação de um economista renomado como seu assessor econômico”, afirma a gestora.
A maior incerteza paira sobre Lula, que recentemente indicou uma intenção de revisar políticas e reformas econômicas que foram implementadas no governo Temer, como a reforma trabalhista, o teto de gastos e a política de preços da Petrobras. “Essas declarações fazem com que o IAAL de Lula em 2022 seja substancialmente abaixo dos outros candidatos e da nota de gestão no seu primeiro mandato”, ressalta a Garde. “A nota segue melhor do que a desastrosa política econômica posta em prática pelo governo Dilma”, completa.
Além disso, todos os comentários do entorno de Lula vem com um disclaimer de que não falam em nome do candidato. “Acreditamos que devemos acompanhar nos próximos meses a consolidação do projeto do ex-presidente, em que possamos refinar as estimativas sobre um eventual governo”, destaca.
A Garde continua acreditando em uma terceira via, mesmo que candidatos como Moro estejam patinando nas pesquisas. “Dada a grande rejeição tanto de Lula como de Bolsonaro, o potencial teórico de uma terceira via existe, podendo mudar as probabilidades de viabilidade eleitoral dos candidatos e impactar o mercado à frente”, termina a gestora – lembrando que essa é uma possibilidade que deverá se manifestar mais adiante no processo eleitoral.
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