A carteira recomendada de ações do Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, por muitos anos foi considerada como a melhor do Brasil.
Em 2018 e 2019 liderou os rankings e em 2020 já ultrapassou o principal índice da B3 (B3SA3), o Ibovespa, em 45,27%.
Com isso, conversei com Pedro Paulo Silveira para descobrir quais os segredos da melhor carteira recomendada do país.
Artigo de Fabrízio Gueratto
É possível começar um bom investimento com pouco dinheiro?
Sim, é possível começar a investir com pouco dinheiro. Existem muitos títulos de renda fixa públicos e privados que o investidor pode começar a aportar com um valor bem baixo.
Além disso, no mercado de renda variável, para montar uma carteira de longo prazo, há a possibilidade de começar com um montante pequeno e ir aportando ao longo do tempo.
Quais são os erros mais frequentes de um investidor iniciante?
Os erros mais frequentes do investidor iniciante estão relacionados à busca de informação e na definição de seus objetivos.
Apesar da quantidade de informação de qualidade hoje disponibilizada por conta do advento das redes sociais, é preciso fazer um filtro para que não sejam criadas falsas expectativas.
Além disso, é preciso saber que o mundo dos investimentos exige conhecimento, prática e tempo como em qualquer outra área da vida.
Quanto às expectativas, isso é muito pessoal e precisa ser bem definido. Alguns iniciantes ficam assustados com categorias de investimento que possuem risco, isto é, quando o preço varia muito, mas no longo prazo, desde que os ativos escolhidos tenham um bom fundamento, essa variação acaba por se dissipar.
Se o investidor deseja investimentos de longo prazo, é preciso calma e aguardar. Os investimentos com menor risco, não possuem tanta oscilação, mas o ganho esperado também tende a ser menor.
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Existe uma porcentagem ideal para investir todo mês?
Não existe uma quantidade ideal, isso depende de pessoa para pessoa. O principal é ter uma reserva de emergência e de oportunidade com liquidez, isto é, um ativo que permita saques em qualquer data.
Quanto ao investimento de risco, caso o investidor seja muito avesso ao risco, ou seja, tenha muito receio em perder esse dinheiro aplicado, ele deve alocar parte menor de sua renda. Caso contrário, pode ser alocada uma fatia um pouco maior.
Qual é o segredo para fazer uma análise precisa de uma carteira recomendada?
No caso da Nova Futura Investimentos, utilizamos de uma análise Top Down, isto é, analisamos primeiro o ambiente macroeconômico, em seguida como as perspectivas econômicas podem afetar determinados setores, questões microeconômicas relacionadas à regulamentação, possível fusão ou aquisição possível, por fim, usamos análise de indicadores que refletem a situação financeira da empresa e comparamos com suas concorrentes do setor.
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Qual a quantidade ideal de ações para se ter na carteira e por quê?
Entre 10 e 15 ativos, pois com essa quantidade é possível criar uma diversificação interessante. A diversificação é um fator que ajuda a minimizar os riscos específicos de determinado setor.
Por exemplo, quando temos uma queda nos preços do minério de ferro, as empresas do setor mineração podem ter problemas, mas caso o investidor tenha empresas de setores com pouca correlação com esse marcado, os seus ganhos podem compensar essa queda.
Na teoria de economia finanças temos a diversificação como um dos principais fatores para mitigar riscos e aumentar o retorno de forma equilibrada.
E se o investidor precisar do dinheiro aplicado, é possível resgatá-lo?
Sim. No caso da renda variável e em títulos de renda fixa que não possuem liquidez diária, o dinheiro resgatado não será o mesmo que o alocado e, não necessariamente será maior.
A renda variável como ações, possui esse nome porque não há uma taxa de retorno estabelecida previamente no momento da aquisição. N
o caso dos investimentos em renda fixa, há uma taxa estabelecida, mas o ganho acordado ocorrerá somente no vencimento do título. Por isso é importante ter uma reserva em ativos que tenham como base uma taxa diária e que não implica em perdas.
Quais os principais pontos para avaliar na hora de adquirir uma ação?
Muito em linha como fazemos com a carteira recomendada. Cada ação possui fatores de risco específicos que podem ser relacionados à macroeconomia, mercado externo ou ao seu respectivo setor.
Também é importante analisar a situação financeira da companhia por intermédio de suas contas. Tais informações podem ser encontradas do RI (portal relação com os investidores) da companhia.
Como o investidor consegue se prevenir de uma situação como aconteceu no IRB Brasil RE (IRBR3)?
Nesse caso, a diversificação é uma estratégia que pode suavizar as perdas em um ativo específico, de modo que as perdas em uma ação sejam compensadas por outras.
Um ponto que é importante destacar é o de que vale a pena investir em ativos que possuam informações disponíveis e que nãos sejam contestáveis. No caso do IRB, não tinha como ter certeza nas informações divulgadas naquele período.
Por que na sua carteira nunca há small caps?
Não temos small caps como forma de proteger o investidor que aplica seus recursos na carteira. Apesar de terem grande potencial de retorno, a volatilidade faz quem que o potencial de perda também seja elevado.
As small caps, em sua maioria, por serem empresas que ainda não são consolidadas economicamente em comparação às large caps, que são empresas mais consolidadas e com seu portfólio mais diversificado.
Outro fator é que a baixa capitalização e volume de negócios podem levar o risco de liquidez ao investidor, isto é, ele não conseguir liquidar determinada operação por não haver negócios suficientes.
Como o investidor deve encarar um momento de crise econômica no mercado, como aconteceu com o coronavírus?
O investidor deve encarar o momento atual tentando manter a calma. Apesar da crise atual ser totalmente diferente do que já aconteceu anteriormente, o mercado tende a se recuperar.
É importante buscar informação de qualidade, ter o acompanhamento de um especialista e ter em mente seu objetivo de investimento, se é de curto prazo, médio ou de longo prazo.
O autoconhecimento também é importante e se perguntar o quão tolerante ao risco se é. Afinal, as eleições americanas, a possibilidade de segunda onda de covid-19 e a instabilidade fiscal são fatores que podem trazer volatilidade ao mercado.