Mapfre Economics prevê menor retração na economia brasileira com queda de 5,3% no PIB

A Mapfre Economics revisou suas previsões para o Brasil e estima menor redução do PIB para 2020 no país.

Enquanto o estudo anterior indicava uma queda de 7,5% na economia, a atualização trimestral do relatório “Panorama Econômico e Setorial 2020”, aponta para uma redução de 5,3%.

O cenário se deve, especialmente, ao confinamento menos severo no país. Entretanto, a expectativa é que a recuperação econômica seja mais lenta, com crescimento de 3,6% em 2021, frente a previsão de 5,1% divulgada no relatório do trimestre anterior.

O levantamento

O levantamento alerta que o aumento dos gastos (o governo ativou um orçamento para combater os efeitos econômicos da pandemia que equivale a 5,6% do PIB) juntamente com a queda das receitas fiscais poderia levar o deficit a níveis recordes de 18% do PIB e fazer com que a dívida pública total atingisse 91% do PIB.

A Mapfre Economics aponta como principais riscos, além da própria evolução da pandemia, as incertezas que levarão à redução gradual da ajuda governamental, bem como a possibilidade de a pandemia afetar o programa de reformas estruturais que, na opinião de especialistas, permanece essencial para o equilíbrio das contas soberanas no longo prazo.

Os riscos para a moeda e inflação também dependem, em certa medida, das perspectivas para o déficit fiscal e da percepção dos mercados sobre o compromisso de continuar com essas reformas.

Cenário econômico global

De acordo com o estudo, a Covid-19 gerou um choque sem precedentes na economia global, que resultou em uma queda abrupta nos níveis de atividade e significará uma redução de 90% do PIB nas economias mundiais, com efeitos assimétricos, condicionados pela estrutura produtiva de cada país e pelas vulnerabilidades econômicas e sanitárias de cada sistema.

A análise estima que a economia global sofrerá uma queda de 4,4%, com divergências significativas entre as regiões, ampliando a desigualdade.

Ganhos da classe média

Em termos de renda disponível, é previsível que em escala global se percam os ganhos da classe média conquistados desde o início do milênio, especialmente na América Latina.

No entanto, o apoio dos bancos centrais e os estímulos fiscais impediram, segundo a MAPFRE Economics, o colapso econômico e, com isso, melhoraram suas projeções em relação ao início da pandemia (no trimestre anterior a previsão de queda era de 4,9%).

2021

Para 2021, espera-se uma recuperação na atividade entre 4% e 5,2%. No entanto, o relatório destaca que “há a possibilidade, neste momento, de que novos riscos se manifestem, que ainda são desconhecidos, mas que podem ser motivados pela interação dos riscos pré-existentes e pela crise desencadeada pela pandemia Covid-19”.

O choque Covid-19, apesar de ter natureza global, terá efeitos diferenciados sobre as economias emergentes, exacerbando a fraqueza daqueles com piores posições externas e depreciando suas moedas ao longo de 2020 e parte de 2021.

Ciclo

Além disso, países com maiores vulnerabilidades acumuladas são mais sensíveis ao ciclo e à aversão ao risco global, o que aumenta a dificuldade em sua capacidade de honrar dívidas exteriores, aumentando a percepção de que, em caso de inadimplência ou aquisição implícita da dívida emitida em moeda local (em face de desvalorizações progressivas), então o hedge contra esse risco de contraparte aumenta a necessidade de moedas fortes (USD) pressionando ainda mais as moedas locais e reestilizando o problema.

Estados Unidos e Eurozona

A queda do PIB dos EUA poderia ser entre 4% e 4,5%, uma melhora acentuada em relação ao trimestre anterior (entre – 8% e – 9,4%). Isso se deve, como aponta a MAPFRE Economics, ao enorme estímulo financeiro e monetário imposto em uma estratégia de monetização do déficit cada vez menos hesitante.

Para a zona do euro como um todo, os economistas da MAPFRE Economics revisaram sua estimativa para o crescimento econômico de 2020 para -7,6% (de -10%), mas com amplos riscos de baixa como resultado de uma recuperação desigual entre setores e países, justamente por causa da especialização de cada um dos mercados da Zona do Euro.

Espanha

No caso da Espanha, o Serviço de Estudos prevê uma retração no PIB entre 11,8% (cenário base) e 12,1% (cenário estressado) para este ano, em comparação com a faixa entre 12,1% e 13,1% do trimestre anterior. A recuperação para 2021 permanece (6,7%), mas moderada e evasiva, dado o contexto de incerteza biológica e econômica.