Magazine Luiza (MGLU3) pode comprar os Correios após privatização da estatal; entenda

O governo decidiu se desfazer 100% dos Correios e já definiu o modelo de privatização da estatal, que está previsto para março de 2022

A privatização dos Correios está caminhando a passos largos. Indo para votação na Câmara dos Deputados, a venda de 100% da estatal começa a parecer uma realidade cada vez mais próxima.

Portanto, o leilão está programado para março de 2022. Alguns interessados já se apresentaram, entre eles, a varejista Magazine Luiza (MGLU3) e a Amazon. As duas companhias são fortes concorrentes na disputa pela única empresa de serviços postais do país.

No entanto, nem tudo são flores. Para alguns especialistas, a estatal tem problemas que podem espantar potenciais compradores. Questões como dívidas, altos custos e um modelo de privatização duvidoso, podem acabar falando mais alto.

Boletos em atraso

A empresa que levar os Correios pode acabar saindo cheia de dívidas. Isso porque a estatal passou por um longo período de prejuízos, que durou de 2015 a 2017. Dessa forma, ela só voltou a dar lucro em 2018.

Portanto, quem decidir comprar também levará de brinde uma dívida avaliada em R$ 14 bilhões. Sendo assim, estão inclusas algumas pendências, como o fundo de pensão dos funcionários, o Postalis, mais o plano de saúde da empresa. 

Servidores 

O novo dono da estatal deverá manter uma estabilidade de 18 meses aos servidores. De acordo com o relator do projeto de desestatização, deputado Gil Cutrim, isso será a partir do momento da privatização.

Vale lembrar que a empresa de serviços postais tem aproximadamente 100 mil funcionários. Para eles, a estabilidade define um Plano de Demissão Voluntária (PDV).

O período conta com uma adesão de 180 dias, além de uma indenização de 12 meses. Nesse tempo, deve ser pago salário. Além disso, há um programa de requalificação.

Ilustração (Reprodução: Tudo celular)

Privatização duvidosa

De acordo com alguns analistas, o modelo apresentado para a privatização dos Correios é um ponto em meio a névoa. Isso porque, o serviço prestado pela estatal é considerado essencial.

Na prática, a Constituição afirma que serviços assim não podem ser feitos de forma indireta. Portanto, a privatização seria inconstitucional.

Algumas vantagens

A privatização dos Correios também tem lados positivos. Grandes companhias, como o Magazine Luiza, podem ganhar com a grande abrangência que a estatal possui em seu setor de atuação. 

De acordo com dados divulgados em 2018, a empresa conta com 6,3 mil agências próprias em todo o Brasil. Além delas, outras 4,3 mil comunitárias, mil franqueadas e 127 permissionárias. Esses números chamam a atenção dos varejistas.

O motivo? O varejo brasileiro tem buscado investir cada vez mais em lojas físicas e centros de distribuição. Dessa forma, o objetivo é conseguir realizar entregas mais rápidas.

Esse tipo de estratégia poderia ser muito importante para o Magazine Luiza. Recentemente, a loja anunciou a criação de 50 lojas físicas no Rio de Janeiro. Ademais, o Magalu almeja ter uma entrega ainda mais veloz no estado carioca.

No entanto, não são só as varejistas que têm a ganhar com a ampla abrangência dos Correios. Empresas de logística também podem ganhar muito com essa questão. A FedEx e DHL já manifestaram seu interesse pela privatização do ativo.