O leilão de concessões para projetos de transmissão de energia realizado pelo governo nesta quinta-feira registrou acirrada concorrência e atraiu ofertas por todos os 11 empreendimentos oferecidos a investidores, o que levou a descontos de até 70% na receita a ser paga às empresas vencedoras.
Entre os principais destaques da licitação, que deve viabilizar linhas de energia que demandarão R$ 7,3 bilhões, apareceram a novata Mez Energia, que levou o maior número de lotes, e a Neoenergia, que ficou com a obra mais cara da licitação.
Também arremataram projetos a Cteep, da colombiana ISA, a Energisa e a estatal gaúcha CEEE-GT, além de empresas menores, incluindo um grupo do setor de engenharia.
A disputa
A disputa pelos contratos de 30 anos para construção e futura operação dos empreendimentos oferecidos no leilão teve diversas rodadas agressivas– seis dos lotes ofertados receberam ofertas de mais de 10 empresas, e dois chegaram a ser disputados por 17 proponentes.
Os resultados confirmaram expectativas de analistas, que já esperavam uma intensa competição e a presença desde de empresas tradicionais do setor elétrico até grupos financeiros e de construção.
O deságio
O deságio médio foi de 55,2%, mas não chegou a superar o recorde histórico visto no certame do final do ano passado, de 60%, como também já era previsto por especialistas.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Andre Pepitone, considerou o resultado “extremamente exitoso” e disse que ele “confirma o grande interesse da iniciativa privada em investir no setor elétrico”.
Certame
Além dos principais vitoriosos, o certame marcou o retorno da estatal Eletrobras, que disputou diversos lotes com as subsidiárias Furnas, Eletrosul e Amazonas GT, embora não tenha levado.
Como surpresa, o pregão registrou a participação inédita da chinesa Jiangsu Shemar Electric, que fez oferta por um projeto.
Resultados
A Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, ficou com o maior empreendimento em termos de investimento previsto, o lote 2, orçado em quase 2 bilhões de reais. Ela ofereceu deságio de 42,6% pela obra –no leilão, leva o projeto quem aceita receber menor receita ao longo da concessão.
A Cteep levou o lote 7, segundo maior, com investimento previsto de R$ 1,14 bilhão, ao apresentar lance com desconto de 57,9%.
A Energisa arrematou o lote 11, com deságio e 47,4%. O projeto deve exigir aportes de R$ 882 milhões.
A estatal
A estatal CEEE-GT, que deve ser privatizada pelo governo do Rio Grande do Sul em 2021, venceu o lote 6, com deságio de 63,5%. O investimento esperado é de R$ 192 milhões.
Já a Mez Energia, criada em 2019 e ligada à Mez Construções, foi a principal vencedora em número de projetos e investimentos previstos, ao ficar com cinco empreendimentos –os lotes 3, 4, 5, 8 e 9, que juntos devem exigir aportes de cerca de R$ 2,4 bilhões.
Grandes elétricas como a chinesa State Grid e sua controlada CPFL, a EDP, do grupo português EDP, e a francesa Engie chegaram a apresentar ofertas, mas não levaram. Diversos outros grupos menores também disputaram.
Entre os vencedores da licitação aparecem ainda o Consórcio BRE 6, que ficou com o lote 10, ao oferecer desconto de 66,9%, e a Agronegócio Alta Luz, com o lote 1 e deságio de 61,8%.
O grupo BRE6 é formado por Enind Energia, Enind Engenharia, Brenergia e Brasil Digital Telecomunicações.
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