O IRB Brasil RE (IRBR3), assim como a Oi (OIBR3 e OIBR4) são cases que todo investidor precisa estudar, independente se irá ter na carteira ou não.
- Artigo de Fabrizio Gueratto.
É público que a credibilidade do Ressegurador foi destruída após o relatório da Squadra revelar graves problemas no balanço. Mais tarde, o atual Presidente da companhia, Antônio Cássio dos Santos, admitiu publicamente que ex-executivos haviam fraudado os balanços em benefício próprio.
Esses episódios impactaram os números e fez com que o balanço do segundo trimestre em 2020 apresentasse um prejuízo de R$ 685 milhões, enquanto que no mesmo período de 2019 a empresa apresentou um lucro líquido de R$ 397 milhões.
A cotação despencou em R$ 44,83 para R$ 5,41, uma queda de quase 90%, algo poucas vezes visto na B3 (B3SA3).
Novo prejuízo do IRB
Entretanto, um fato curioso aconteceu. Para mostrar transparência, o IRB (IRBR3) está mensalmente divulgando um relatório financeiro para a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e isso logicamente acaba ajudando o investidor a entender para qual caminho está indo a empresa.
No “mini-balanço” divulgado quarta-feira (23), referente ao mês de julho, mostrou que a companhia teve um prejuízo líquido de R$ 62,4 milhões.
Este número por si só já é positivo, principalmente se compararmos com os resultados apresentados no segundo trimestre.
Entretanto, outros dados precisam ser olhados. Se fossem excluídas as linhas de negócios que o IRB deixou de atuar, ao invés de prejuízo, teria um lucro líquido de R$ 36 milhões.
Isso mostra que a empresa está tirando de seu portfólio linhas de resseguros que não são rentáveis.
Além disso, em julho foram emitidos R$ 1,5 bilhão em prêmios, uma alta de mais de 100% em relação a julho de 2019. Além disso, as ações subiram quase 10%, mesmo com o prejuízo.
Por que IRBR3 está subindo?
Isso aconteceu porque o mercado entendeu que a empresa está arrumando a casa e isso está refletindo nos números.
Se compararmos com os dados do segundo trimestre, o resultado foi muito “menos pior”. Eu, particularmente, gosto de empresas boas, em bons segmentos de negócios e que sofreram por problemas de gestão ou um algo específico.
No mundo todo o mercado de seguros e resseguros é promissor, principalmente em razão da sua previsibilidade de sinistros e algoritmos de precificação dos prêmios, ou seja, o valor que o cliente precisa pagar para assegurar o seu bem.
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O que podemos aprender com IRBR3?
O case do IRB Brasil RE precisa ser estudado por todo investidor. Precisamos entender que, não temos outra alternativa a não ser confiar nos balanços, mas que mesmo estes podem estar errados, como ocorreu no passado com o Banco Panamericano, por exemplo, que atualmente é o Banco PAN (BPAN4).
Precisamos aprender que, não importa o quanto acreditamos que uma empresa pode se recuperar, sempre temos que alocar um percentual compatível ao risco.
Isso vale também para as ações da Oi (OIBR3 e OIBR4), que por sinal, vendi 10% na semana passada pois estava ficando com um percentual muito alto na minha carteira após a sua forte valorização.
Precisamos também aprender que pessoas são o bem mais importante de uma companhia. Eu, particularmente, gosto muito da postura incisiva do Antônio Cássio dos Santos.
Precisamos aprender que nem sempre um resultado de prejuízo financeiro é sinônimo de uma notícia ruim.
Tudo depende do contexto. Além de tudo precisamos entender que, assim como uma empresa com problemas é um ativo de altíssimo risco, a cada queda da ação este risco diminui.
A lógica de comprar na baixa e vender na alta sempre prevalecerá. O segredo é entender quando está próximo do fundo do poço.
Veja IRBR3 na Bolsa:
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