Nesta sexta-feira (8), foram divulgados os números do IPCA (medidor da inflação nacional) referente ao mês de setembro. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em apenas 30 dias, o índice subiu 1,16%, chegando ao total de 10,25% no acumulado de 12 meses.
A alta não é uma surpresa para os especialistas do mercado econômico. Entretanto, a pergunta que fica é: será que a hiperinflação no Brasil vai baixar em algum momento ou esse será o novo normal?
Veja a seguir o que pensam os especialistas, com previsões para o futuro do país e dos investimentos:
Aumento exponencial
O aumento registrado em setembro foi um recorde. A alta de 1,16% em 30 dias não acontecia no país desde 1994, quando o índice foi de 1,53%.
De acordo com Agostinho Celso Pascalicchio, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, quando a inflação inicia um processo de alta, nunca ocorre apenas pela variação de alguns poucos preços.
Sendo assim, de acordo com o IBGE, os principais motivos da alta no mês de setembro foram os maiores preços na habitação e aluguéis de imóveis, assim como aumento no transporte devido aos preços da gasolina. Além disso, o aumento de alimentação e bebida.
Vale lembrar que, quando produtos essenciais aumentam de preço, fica muito mais difícil para o consumidor deixar de comprar ou evitar. Isso porque esses são serviços e produtos essenciais, como comida, gás, energia, habitação. Dessa forma, com o aumento dos valores, o consumidor necessariamente acaba tendo que gastar e seu poder de compra fica completamente comprometido.
Quando vai diminuir?
Mas quando as coisas vão realmente diminuir? É difícil dizer se a perspectiva de inflação vai cair no próximo ano, ou se essa tabela de preços será o novo normal para os brasileiros.
De acordo com Samuel Torres, analista de investimentos da Onze, o aumento da taxa Selic deve ajudar a conter a inflação, porém pode não ser suficiente para mantê-la dentro da meta do Banco Central.
“Isso porque parte do aumento atual se origina em problemas de oferta ou custos. Eles não são resolvidos pelo aumento da taxa de juros. Por exemplo, o aumento dos preços internacionais de petróleo e de alimentos, os gargalos nas cadeias de produção e a alta da energia elétrica em decorrência da crise hídrica”, afirma o analista.
“Além da política monetária, o que o governo poderia fazer para conter o aumento dos valores é ter uma política fiscal mais austera. Mas, no momento, com a aproximação das eleições, as sinalizações indicam um risco de uma política fiscal mais expansionista, o que pode até agravar a inflação”, completa.
Agora é o novo normal?
Segundo Pascalicchio, precisamos ser realistas e contar com diversas possibilidades na hora de se planejar para o futuro. Vale lembrar que o Brasil passa por um momento político delicado, assim como, enfrentará eleições em 2022, o que pode mexer com os ânimos da população.
“É muito provável que a taxa Selic continue em alta. O Banco Central, com o aumento na taxa de juros, diminuirá a demanda por crédito junto aos bancos. Isso reduzirá a circulação de dinheiro na economia. Então, manteremos um PIB baixo por mais um ano. Além disso, a meta inflacionária também não será alcançada durante o ano de 2022″, prevê o professor e economista.
E os investimentos?
Pensando nesses cenários não tão positivos, o que fazer para proteger os investimentos? De acordo com Guilherme Ammirabile, assessor de investimentos na iHUB Investimentos, o que o investidor mais precisa nessas horas é de um especialistas no assunto para auxiliar com as suas decisões.
“Contar com a ajuda de um especialista é muito importante para que o seu patrimônio não seja consumido pela inflação, além de diversificar parte dos investimentos em renda fixa híbrida ou fundos de debêntures incentivadas que aplicam em crédito privado. No entanto, os investidores precisam conhecer os riscos de se aplicar em títulos privados”, afirma o assessor.
Investimentos atrelados à inflação
Além do assessor de investimentos, Pascalicchio também aconselha algumas alternativas para salvar os investimentos em meio a alta dos preços.
“Existem diversas alternativas de aplicação indexadas à inflação. Por exemplo, os títulos públicos e fundos imobiliários. Além deles, papéis com isenção de IR, Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e as debêntures incentivadas indexadas ao IGP-M ou IPCA.”
“Os investimentos indexados ao IPCA poderão ser mais atrativos. Porém, é importante conhecer o perfil de cada investidor, estudar a aplicação, principalmente o valor investido e os seus prazos de aplicação. É essencial também que a pessoa utilize uma instituição financeira com boa reputação”, finaliza o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.