O Fleury (FLRY3) reportou forte alta dos indicadores financeiros e operacionais no terceiro trimestre, uma vez que a gradual flexibilização do isolamento social permitiu ao grupo de medicina diagnóstica ampliar receitas com consultoria e retomar procedimentos represados durante o pico da Covid-19.
A companhia anunciou nesta quinta-feira (29) que seu lucro de julho a setembro somou R$ 132,1 milhões, um aumento de 45% em relação a igual período de 2019.
Além da retomada dos chamados serviços eletivos, o Fleury teve o faturamento reforçado com a venda de testes para o coronavírus -já foram mais de 1,3 milhão – e por mais de 500 contratos de consultoria para empresas que estão retomando as atividades produtivas.
Assim, a receita líquida do trimestre cresceu 15,7%, para R$ 874,6 milhões. “Não apenas conseguimos protagonizar uma retomada vigorosa, como também (…) ajudamos centenas de empresas brasileiras a voltar ao trabalho de forma segura, saudável e sustentável”, afirmou a companhia no relatório.
Resultado operacional
E o resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação (Ebitda), somou R$ 323,8 milhões, alta de 35,7% ano a ano e bem acima da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 211,1 milhões. A margem Ebitda subiu 5,4 pontos percentuais, para 37%.
LGPD
Em setembro, a rede de laboratórios Fleury anunciou o lançamento da plataforma Saúde ID, um marketplace que pretende reunir resultados de exames e informações correlatas para facilitar o acesso dos usuários a serviços médicos.
A iniciativa motivou o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) a notificar a empresa com base na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), como informou a Folha de S. Paulo na segunda-feira (26). Isso porque os dados coletados pela plataforma são descritos como “sensíveis” pela legislação, e exigem atenção extra ao serem armazenados.
De acordo com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), são consideradas sensíveis pela LGPD as informações que revelem as seguintes características dos usuários:
O argumento do Idec é que um possível vazamento dessas informações, ou ainda seu uso indevido, seria notadamente prejudicial aos usuários. Por isso, o instituto sugere que “o compartilhamento irrestrito desses dados deve ser visto com cautela, pensando-se em quais são os propósitos específicos do uso desse conjunto de informações”.
Saúde ID
Conforme foi anunciado, uma das funções do Saúde ID seria armazenar e compartilhar prontuários com médicos, operadoras de planos de saúde, farmácias, entre outros. O Idec, então, pede que o Fleury forneça detalhes sobre como a ferramenta vai tratar e proteger esses dados.
O marketplace também tem a proposta de vender medicamentos e alimentos saudáveis, além de utilizar algoritmos para medicina preventiva. Nesse aspecto, o Idec questiona o que o grupo entende por “alimentação saudável”, e de que forma os dados pessoais dos pacientes serão utilizados para a venda de remédios.
Em nota enviada ao Olhar Digital, a diretora de Proteção de Dados do Grupo Fleury, Andrea Bocabello, afirmou que a rede “tem como princípio a administração responsável dos dados, seguindo as disposições da LGPD e o rigoroso cumprimento do sigilo médico”. A empresa garante ainda que vai armazenar apenas as informações permitidas pelos usuários.
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