O segmento de papel e celulose foi grandemente impactado pela crise ambiental e essa movimentação pode estremecer o balanço das companhias no terceiro trimestre e até mais.
Queimadas recentes na Amazônia e mau uso da terra e dos recursos naturais poderá colocar a indústria nacional na berlinda junto aos investidores.
Isso porque as boas práticas estão cada vez mais em voga e as empresas correm para implementar o ESG (Environmental, social and corporate governance).
Trata-se da Governança Ambiental, Social e Corporativa, três fatores centrais na medição da sustentabilidade e do impacto social de um investimento em uma empresa ou negócio. Esses critérios ajudam a determinar melhor o desempenho financeiro futuro das empresas.
Setor brasileiro
Analista da Guide Investimentos, Luis Sales afirma que o setor de papel e celulose brasileiro é reconhecido internacionalmente pelo manejo sustentável de suas florestas. As empresas pertencentes possuem uma série de qualidades, quando se trata de ESG.
“No entanto, com a crise ambiental atual no país, o setor está em crise. Mesmo não tendo sido o maior impactado, as companhias podem acabar tendo seus negócios conquistados ao longo dos anos e sua boa imagem defasados pelo aumento dos problemas nessas áreas”, disse.
Segundo ele, o setor de base florestal brasileiro teve cerca de US$ 10 bilhões em receita com exportações no ano passado, sendo superavitário e grande investidor.
Paulo Hartung
Sales cita Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e presidente-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), para quem a crise atual é grave e pode afetar mercados abertos pelo país com duras penas nos últimos anos, assim como o acesso ao crédito internacional.
Atualmente, existem três fábricas em construção e um total de R$ 35 bilhões em projetos em execução ou planejados para os próximos anos.
Preços não sustentáveis
Os preços atuais da celulose no mundo não são sustentáveis e, assim como já se vê na fibra longa, haverá recuperação na fibra curta, que corresponde ao maior volume das exportações brasileiras, disse o presidente da Suzano, Walter Schalka.
Ele participou do debate no 53º congresso internacional da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) na segunda-feira (5).
Conforme Schalka, aos preços atuais, de cerca de US $ 450 a US $ 460 por tonelada na China, os produtores brasileiros geram caixa, mas não retorno sobre o capital empregado. “O nível de preços atual é insustentável”, comentou.
No caso dos produtores do Hemisfério Norte, onde os custos de produção são superiores ao do Brasil, a situação é ainda mais delicada e muitos têm registrado prejuízo operacional no ambiente atual. “Na fibra longa, [a recuperação dos preços] já está acontecendo. Isso vai acontecer também com a fibra curta”, afirmou.
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