Os novos presidentes da Câmara e do Senado foram eleitos e deram ‘vitória’ ao governo. O resultado é uma vitória do Planalto, ao mesmo tempo em que se evidencia a força do Centrão.
De acordo com o analista político Paulo Gama, da XP Investimentos, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se elegeram ontem presidentes da Câmara e do Senado com votações expressivas, mas não muito distantes dos placares que foram sendo construídos ao longo das últimas semanas. O deputado teve 302 dos 513 votos, e o senador, 57 de 81.
“Lira deve a consolidação de sua candidatura a Jair Bolsonaro, que colocou o governo para trabalhar ativamente e ostensivamente pela eleição do deputado”, disse.
Segundo ele, o equilíbrio instável entre as duas forças deve ser uma tônica deste biênio. “Em todas as falas que fez ontem, Lira defendeu de maneira geral o avanço das “reformas”, assim como mencionou — também sem detalhar — a necessidade de ajuda a quem está em situação de desespero econômico por causa da covid”, frisou.
Centrão: demandas e prioridades
Segundo Gama, as falas, sem fincar bandeiras, reforçam a visão da XP de que deve haver um período inicial em que o deputado ouvirá do Planalto as demandas de agenda para negociar prioridades.
Sua primeira ação como presidente deverá ser a contenção do bloco rival de Baleia Rossi para que seus aliados tenham mais espaço na Mesa Diretora.
“Isso tende a acirrar ânimos com a ala derrotada, mas as sequelas podem ir sendo desfeitas. Mais importante que isso é o recado de que todas as armas disponíveis serão usadas nas batalhas contra o inimigo da vez, seja ele quem for”, destacou.
Centrão: pauta
Ainda segundo Gama, Pacheco detalhou um pouco mais a pauta que pretende trabalhar, mas ainda de maneira geral. Mencionou as três PECs paradas no Senado, entre elas a emergencial, e prometeu chamar para a próxima quinta-feira sessão para votação de duas medidas provisórias, entre elas a 998, do setor elétrico.
“O desfecho da eleição de ontem reforça nossa perspectiva de curto prazo sobre um dos temas que mais atraem a atenção do mercado: a decisão sobre o que fazer com o auxílio emergencial e a possibilidade de nova flexibilização das regras fiscais”, disse.
“Nesse sentido — e enquanto a disposição do Planalto e do time econômico permanecer a de só permitir a retomada em um cenário muito mais grave que o atual — os presidentes das Casas não devem se opor frontalmente à determinação do governo, mesmo que usem a pressão dos parlamentares a seu favor nas negociações”, elencou.
Nutrição
No médio prazo, disse, se a relação com os deputados continuar a ser nutrida da maneira como foi durante a disputa pela presidência da Câmara, abre-se uma janela — curta, é verdade — para que o Planalto apresente sua agenda para jogo. “Vai do presidente Jair Bolsonaro ter equilíbrio e saber escolher prioridades para poder aproveitá-la.”
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