Especialistas do mercado financeiro comentam motivos que levaram o dólar a ficar acima de R$ 4 por um mês
Em setembro, um mês marcado pela disputa comercial entre as duas maiores economias mundiais, EUA e China, o dólar passou pela primeira vez, um mês inteiro precificado acima dos R$ 4. Além disso, nos últimos dias, cresceu uma forte tensão geopolítica entre Arábia Saudita e Irã, após ataques à refinaria Aramco, o que afetou a produção mundial de petróleo, reduzindo a mesma em 5%. Outro ponto relevante foi a abertura de um processo de impeachment contra o presidente dos EUA, Donald Trump. A moeda americana segue atualmente sendo cotada por R$ 4,18. No cenário doméstico, há o adiamento da reforma previdenciária que está em votação hoje.
Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, aponta que a votação da reforma deve aliviar o câmbio. “A expectativa da votação da reforma para esse mês pode ser um alívio para o câmbio”, afirma. Casabona pontua que o mercado externo e a guerra comercial entre EUA e China foram fatores relevantes. “Isso em muito se deve ao adiamento da votação da reforma, a turbulência do mercado externo, principalmente a guerra comercial”. E completa dizendo que esses são os fatores principais para a longa duração da alta. “Todas estas questões fizeram que a alta se prolongasse pelo mês de setembro”, explica a Sócia-Diretora da FB Wealth, Daniela Casabona.
Para Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, a prolongação da alta denota uma posição defensiva. “O dólar ainda vive expectativas, e na dúvida se busca proteção, por isso vemos um dólar se mantendo acima dos R$ 4,15”, afirma. Ele aponta que tanto o posicionamento quanto a alta tendem a seguir até a aprovação da reforma pelo senado e a resolução da guerra comercial entre EUA e China. “Isso tende a perdurar até a aprovação final da reforma da previdência no senado, assim como a definição das negociações da guerra comercial entre EUA e china que serão retomadas na semana que vem”. Laatus afirma que há expectativas acerca das questões entre Irã e Arábia Saudita, já que a falta de movimentação pode ser indício de algum ataque. “Há expectativas, ainda que pequenas sobre Arábia Saudita e Irã, na qual está tudo muito silencioso, o que preocupa, pois geralmente ataques nunca são anunciados de antemão”, pontua o Estrategista-Chefe.
Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, enfatiza que é a primeira vez desde 1998 que o dólar passa um mês inteiro precificado acima de R$ 4. “É a primeira vez, desde a criação do plano real, em 1998, que o dólar passou o mês todo acima dos R$ 4”, afirma. Para Bergallo, o longo período de alta sinaliza que está estabelecida uma nova cotação. “O longo tempo desta alta indica que a moeda está e seguirá precificada nessa média”, pontua. Ele afirma que as revisões do Relatório Focus, grandes bancos e tesourarias já foram refeitas e não mostram a possibilidade de queda até o final de 2019. “Todas as revisões de grandes bancos, tesouraria e Relatório Focus já foram refeitas e não há expectativas de queda até o fim do ano”, finaliza o Diretor de Câmbio.