Dólar está caindo e já está no menor patamar em 7 meses; até onde ele vai?

A moeda americana está perdendo valor contra o real neste início de ano; juros são a causa?

O dólar está em uma queda constante neste início de ano, acumulando perdas de cerca de 7,5% e fechando no menor patamar em sete meses, aos R$ 5,13, nesta quarta-feira (16). E embora a moeda esteja apontando para alta nesta quinta, o dólar vem em uma clara tendência de baixa nestes dois meses. O que vem trazendo o dólar para baixo? Até onde ele vai?

Há três fatores principais que estão jogando a moeda para cima: primeiro, o mercado cambial entende que o real é a moeda mais “descontada” frente ao dólar – com maior espaço para valorização, portanto. Segundo, o ritmo de aumento de juros no Brasil e nos Estados Unidos, que também está restringindo a circulação da moeda, torna o real mais atrativo. E terceiro, o preço das commodities está em alta no mercado global, o que também favorece a moeda brasileira.

As projeções sobre o dólar não encontram consenso no mercado, variando de R$ 4,50 até R$ 6. A média das projeções, de acordo com o boletim focus, é de R$ 5,58 – e vem registrando queda nas últimas semanas, com alguns players do mercado financeiro revendo suas expectativas para baixo. Esse movimento vai acompanhando a expectativa de aumento de juros, que também tem estado em alta.

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Juros e commodities

Possivelmente o principal fator para valorização do real frente ao dólar seja a alta dos juros por aqui – o Banco Central recentemente fez a “mais rápida alta de juros da história”, trazendo a Selic para 10,75% em fevereiro. E sinalizou novas altas: a projeção média do mercado é de uma alta de 0,50 pontos percentuais, o que levaria a Selic para 12,25%. No que isso impacta o dólar? Em tudo.

A Selic atinge todo o mercado. Em alta, ela transforma a renda fixa brasileira mais atrativa para o estrangeiro – muitos países desenvolvidos praticam juros próximos do zero, alguns até negativos. Isso traz fluxo de dólares para o Brasil, o que aumenta a demanda por reais e, consequentemente, faz com que o nosso dinheiro se valorize. Até dia 11 de fevereiro, último dado disponível, o fluxo cambial estava positivo em US$ 6,57 bilhões. No mesmo período em 2021, o fluxo apontava uma saída de US$ 6,18 bilhões.

Chamou a atenção também a ata da última reunião do Fomc (o Copom americano), que surpreendeu ao não surpreender negativamente – não foi estabelecido nenhum ritmo ainda para a alta dos juros nos EUA, e as estimativas ainda variam entre três a sete altas no ano. Se a ata viesse em um tom mais pesado, que o mercado chama de “hawkish”, as apostas de mais altas aumentariam, o que iria aumentar a atratividade do dólar frente o real. Quanto menor a alta por lá, mais atrativo estará a nossa moeda.

O preço das commodities também é um fator para a valorização da moeda brasileira, por elas serem nossos principais produtos de exportação. Minério de ferro, soja e petróleo tem tido valorizações constantes recentemente, o que consequentemente traz mais dólares ao Brasil e joga o preço da moeda americana para baixo.

Mas cuidado: por enquanto, a trajetória é de queda, o jogo pode virar a qualquer momento. Se as commodities pararem de subir, o que é esperado, o aumento dos juros americanos vier mais agressiva que o possível, o que é possível, e a eleição brasileira se tornar um motivo de turbulência do mercado (o que é difícil de não acontecer).

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