Dividendos Globais somam US$568,1 bilhões

Montante é referente ao segundo trimestre de 2023

Dividendos Globais somam US$ 568,1 bilhões no segundo trimestre, recorde 4,9% na base nominal. O crescimento subjacente acelerou para 6,3% em relação ao ano anterior, conforme a última edição do Janus Henderson Global Dividend Index. O resultado refletiu a predominância sazonal do segundo trimestre na Europa, o período em que a maioria das empresas europeias faz um único pagamento anual.

As empresas brasileiras listadas no Índice relataram uma queda de 53% em um trimestre sazonalmente calmo para dividendos, o que refletiu principalmente o corte da Petrobras (PETR4). “A petroleira brasileira, maior pagadora do mundo em 2022, fez o maior corte de dividendos global no segundo trimestre. O declínio subjacente dos dividendos brasileiros foi de 44%, depois de ajustados os movimentos da taxa de câmbio, dividendos especiais não recorrentes e outros fatores técnicos”, escreveu Ben Lofthouse, head de Renda Variável Global da Janus Henderson. Os pagamentos de petróleo caíram em todo o mundo devido aos cortes acentuados dos produtores latino-americanos.

Na mesma linha da Petrobras ficou a Ecopetrol da Colômbia, que cortou seus dividendos regulares e especiais, levando a uma queda de 36% e 63% nos pagamentos subjacentes e nominais, respectivamente.

Com os dois cortes das gigantes petroleiras, os pagamentos de dividendos na América Latina, os dividendos totais dos Mercados Emergentes caíram 0,8% em uma base subjacente em relação ao ano anterior no segundo trimestre.

Bancos dominam

Os bancos contribuíram com metade do crescimento mundial de dividendos no 2T23. “Os dividendos das instituições financeiras foram fortes em todo o mundo, com poucas exceções. O aumento das taxas de juros impulsionou as margens e a interrupção dos pagamentos de dividendos relacionada à pandemia finalmente foi eliminada dos números”, pontuou.

Montadoras e Commodities

Os fabricantes de veículos foram responsáveis por um 7º aumento anual nos pagamentos do 2T23. “Metade desse aumento veio de empresas alemãs, mas o setor foi forte em todo o mundo. As mineradoras fizeram a maior contribuição negativa, devido aos preços mais baixos das commodities, enquanto os pagamentos de petróleo caíram devido aos cortes dos produtores latino-americanos”, explicou.

Globalmente, 88% das empresas aumentaram os dividendos ou os mantiveram estáveis no segundo trimestre.

A Europa, exceto o Reino Unido, registrou dividendos recordes, mas os EUA tiveram uma desaceleração contínua

Os pagamentos na Europa subiram em um décimo em relação ao ano anterior, alta de 9,7% em termos nominais, alta de 10,0% subjacentes, o mais rápido de todas as regiões, levando o total a um recorde de US$ 184,5 bilhões e refletindo a forte lucratividade no ano fiscal de 2022. Os dividendos bancários significativamente mais altos foram o principal impulsionador do crescimento europeu, seguidos pelos fabricantes de veículos.

No entanto, a taxa de crescimento nos EUA diminuiu pelo 6º trimestre consecutivo, desacelerando para 4,6%. Ásia-Pacífico (sem o Japão), Hong Kong e Coreia do Sul foram mercados relativamente fracos.

Mais quais as estimativas para o restante do ano

O segundo trimestre foi muito positivo, mas com as expectativas de desaceleração do crescimento econômico global, a Janus Henderson não fez nenhuma alteração em sua previsão para o ano inteiro. A gestora de fundos globais ainda espera que os pagamentos aumentem 5,2% em termos nominais, atingindo um recorde de US$ 1,64 trilhão, equivalente a um crescimento subjacente de 5,0%.

O head de Renda Variável Global da Janus Henderson, Ben Lofthouse, disse: “O crescimento econômico em todo o mundo está se moderando à medida que responde às taxas de juros mais altas. Os mercados agora esperam que os lucros globais fiquem estáveis este ano, depois de terem atingido recordes em 2022, e quando falamos com empresas de todo o mundo, elas agora estão mais cautelosas quanto às perspectivas.”

Embora os níveis de emprego tenham se mantido muito fortes, algumas partes da Europa sofreram recessões técnicas e os formuladores de políticas em todos os lugares ainda têm a intenção de combater a inflação, mesmo que isso ocorra à custa da produção.

“Entretanto, esperamos que o crescimento dos dividendos continue. A maioria das regiões e setores está distribuindo dividendos de acordo com nossas expectativas. É provável que o setor bancário continue a apresentar um crescimento sólido até o fim do ano e faça um pagamento recorde aos acionistas”, considerou.

Um ambiente econômico mais fraco é normalmente negativo para os bancos, mas o efeito positivo sobre as margens bancárias decorrente do fim de anos de taxas de juros ultrabaixas é muito forte e está impulsionando o pagamento de dividendos. Os grandes bancos são regulamentados de forma muito rígida e, portanto, entram na recessão em uma posição de capital forte.

“Uma das características tranquilizadoras da receita de dividendos é o fato de ela ser, em geral, muito menos volátil do que os lucros. Os pagamentos ficaram atrás do crescimento dos lucros no ano passado e, portanto, podem superá-lo este ano.”

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