Dividendos caíram para US$421 bi

Recuo nos proventos foi de 0,9%

Os dividendos caíram para US$ 421 bilhões no terceiro trimestre no âmbito global, com uma redução de 0,9% em termos nominais. Os dados são do último Índice Global de Dividendos da Janus Henderson. O crescimento subjacente, que ajusta os valores para dividendos especiais pontuais, taxas de câmbio e outros fatores técnicos, foi de 0,3%.

Dois grandes cortes afetaram os números – excluindo estes, o crescimento subjacente foi muito mais encorajador, de 5,3%.

O setor de mineração, com as empresas reduzindo os pagamentos, foi um dos que mais cortaram. Já a outra parte ficou com os produtores de petróleo no Brasil e em Taiwan, que seguiram na contramão do setor no restante do mundo.

Na verdade, excluindo apenas os dois maiores cortadores, a Petrobras (PETR4) e a mineradora australiana BHP (BP), ambas conhecidas por seus dividendos variáveis, revelam um crescimento subjacente global de 5,3% no terceiro trimestre, o que está alinhado com a tendência de longo prazo.

Dividendos e as demais brasileiras

No total, os dividendos brasileiros despencaram 67,1% em termos subjacentes, muito por conta do corte significativo da PETR4. A empresa pagou US$9,6 bilhões a menos em relação ao ano anterior, tornando-o facilmente o maior corte de dividendos do mundo pelo segundo trimestre consecutivo. Isso por si só foi suficiente para reduzir mais de 2,5 pontos percentuais na taxa de crescimento global do terceiro trimestre.

Um outro grande corte da mineradora Vale (VALE3) agravou o declínio nos pagamentos brasileiros, mais do que compensando os aumentos saudáveis de bancos como o Bradesco (BBDC4).

America Latina

Em outras partes da América Latina, uma queda nos pagamentos de dividendos no segundo trimestre foi distorcida por uma mudança inesperada no cronograma da Ecopetrol, a única empresa colombiana no índice, o que significa que o segundo trimestre deu uma impressão enganosa do provável quadro anual.

O grupo de petróleo prontamente pagou um generoso dividendo de US$1,9 bilhão no 3T23 e declarou mais dividendos para o quarto trimestre. Para o ano todo, a Ecopetrol anunciou que, de fato, distribuirá mais do que em 2022 em termos de dólares.

Bancos, empresas de serviços públicos, veículos

Esses cortes foram compensados por dividendos sólidos no setor bancário na maioria das partes do mundo (aumento de 9,3% em termos subjacentes) e por aumentos nos pagamentos em uma ampla gama de outros setores, especialmente em empresas de serviços públicos e fabricantes de veículos.

Globalmente, nove em cada 10 empresas aumentaram os pagamentos de dividendos ou os mantiveram estáveis, embora tenha havido uma ampla variação entre setores e países.

China viu pagamentos recordes

O terceiro trimestre marca o ponto alto sazonal para a China e a maioria da região da Ásia-Pacífico excluindo o Japão. Os dividendos chineses atingiram um novo recorde, graças a um grande aumento da PetroChina, mas isso ocultou a fraqueza entre os bancos e empresas imobiliárias do país.

O que se viu foi a queda de um sexto nos pagamentos de Taiwan refletiu dificuldades nos setores de petróleo, química, aço e seguros, enquanto uma grande redução nos pagamentos de mineração causou uma queda semelhante na Austrália. O crescimento em Hong Kong foi contido pelo setor imobiliário, onde cada empresa reduziu seu dividendo ou o manteve estável.

EUA (mais lentos mas robustos), Europa (forte), Reino Unido (impactado por cortes na mineração)

Em outros lugares, os dividendos nos EUA subiram 4,5%, uma taxa saudável de crescimento, embora mais lenta do que nos anos anteriores, e 98% das empresas dos EUA aumentaram os pagamentos de dividendos ou os mantiveram estáveis.

Os EUA foram superados pelo Canadá, que está se beneficiando da força nos setores bancário e de petróleo.

A Europa continuou a mostrar um crescimento muito forte, estendendo o padrão observado em seu segundo trimestre, sazonalmente importante.

No Reino Unido, a redução nos pagamentos de mineração equilibrou em grande parte os aumentos de bancos, produtores de petróleo e empresas de serviços públicos.

Entre os mercados emergentes, houve uma ampla dispersão – China, Índia, Arábia Saudita e República Tcheca foram fortes, mas a fraqueza no Brasil significou uma queda nos pagamentos para os mercados emergentes como um todo.

Projeções da Janus Henderson

A previsão da Janus Henderson para este ano foi ligeiramente reduzida, refletindo menores dividendos especiais e o fortalecimento do dólar. A previsão geral de 2023 cai de US$ 1,64 trilhão para US$1,63 trilhão, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior. No entanto, o crescimento subjacente, que não é afetado por taxas de câmbio e dividendos especiais pontuais, é mais forte do que o esperado. Além disso, vários países, incluindo os EUA, França, Canadá, Suíça e China, estão a caminho de oferecer dividendos recordes. Portanto, o gestor global de fundos está atualizando sua previsão para o crescimento subjacente de 5,0% para 5,3%.

Análise de Ben Lofthouse, Head de Renda Variável Global da Janus Henderson

“A aparente fraqueza nos dividendos globais do terceiro trimestre não é motivo de preocupação, considerando o grande impacto que um punhado de empresas teve. Na verdade, o nível de crescimento e sua qualidade parecem melhores este ano do que pareciam ser há alguns meses, uma vez que os pagamentos se tornaram menos dependentes de eventos pontuais e taxas de câmbio voláteis.

O crescimento dos dividendos das empresas continua forte em uma ampla gama de setores e regiões, com exceção dos setores relacionados a commodities, como mineração e química. É bastante normal e bem compreendido pelos investidores que os dividendos de commodities subam e desçam com o ciclo, no entanto, isso não indica uma malaise mais ampla. Além disso, nossos números mostram que uma carteira de renda globalmente diversificada tem estabilizadores naturais – setores em ascensão, como bancos e petróleo, foram capazes de contrabalançar aqueles com dividendos em declínio, como mineração e química. E é claro, os dividendos costumam ser muito menos voláteis do que os lucros ao longo do tempo, proporcionando conforto em tempos de incerteza econômica”, completa.

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