O Comitê de Política Monetária – Copom, Banco Central do Brasil, avalia mais um corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic nas próximas reuniões. A declaração está na ata da última reunião publicada na manhã desta terça-feira (26).
Em função dos dados divulgados no período recente, o Copom julga que o hiato do produto está mais apertado do que o estimado anteriormente, mas segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres.
Com relação aos próximos passos, os membros do Copom concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 p.p nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços.
Por fim, o Copom mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central.
Atividade Econômica
O Copom considerou que os dados referentes à atividade econômica do segundo trimestre, em particular a divulgação do PIB, indicam que setores não cíclicos da economia mantiveram dinamismo. Observo-se também um crescimento no componente da demanda referente ao consumo das famílias. “De modo geral, nos indicadores setoriais, observou-se alguma desaceleração no setor de comércio, moderada reaceleração na indústria e estabilidade do crescimento no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores”, mostrou a ata. O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem.
Sobre a inflação ao consumidor, a dinâmica corrente mais benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação.
Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram menor inflação, mas mantêm-se acima da meta.
As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,9%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.
Cenário externo e análise de riscos
No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$ 4,902, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente.
Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2023, de 2024 e de 2025. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 5,0% para 2023, 3,5% para 2024 e 3,1% para 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,5% para 2023, 4,5% para 2024 e 3,6% para 2025.
O Copom avalia que a conjuntura internacional se mostra incerta. Observa-se um processo de desinflação, que refletiu o arrefecimento das pressões sobre commodities após os impactos iniciais da guerra na Ucrânia, os efeitos iniciais do aperto de política monetária global e a normalização das cadeias de produção, porém com recuo lento nos núcleos de inflação. Prospectivamente, restam incertezas sobre a dinâmica da inflação global.
Os riscos referentes a fenômenos climáticos, guerra na Ucrânia e política internacional de preços de petróleo sugerem a possibilidade de renovadas pressões inflacionárias de oferta.
As políticas monetárias restritivas dos países avançados têm sido fundamentais para conter a inflação mundial, facilitando o controle inflacionário dos países emergentes. De todo modo, o aperto monetário global pode ter impacto sobre os ativos domésticos, o que levaria a um processo desinflacionário interno mais lento no curto prazo.
O cenário de crescimento global tem sido marcado pela resiliência da atividade e do mercado de trabalho nos EUA, em contraposição a um menor crescimento projetado para a economia chinesa. Nesse contexto, alguns membros atribuem maior probabilidade a uma moderação suave na atividade das principais economias, em particular a norte-americana, ainda que não se descarte uma desaceleração mais brusca.
Por outro lado, alguns membros seguiram enfatizando os riscos de uma desaceleração sincronizada. Em sua discussão, o Copom avalia que parte da redução de crescimento da economia chinesa é estrutural, mas a magnitude das respostas contracíclicas que podem vir a ser implementadas ajudará a definir não só a dinâmica de crescimento, como seus impactos sobre os preços de commodities e sobre a economia brasileira.
Decisão da Política Monetária na reunião
Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025.
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