Depois da pandemia de Covid-19, o consumidor brasileiro andou meio desconfiado com a economia, porém, o restabelecimento foi voltando aos poucos.
Hoje, a FGV/IBRE mostrou que o Índice de Confiança do Consumidor – ICC está em alta de 2,5 pontos este mês, ou seja, 94,8 pontos. Esse resultado é o maior nível desde janeiro de 2019 (95,3 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice sobe pelo quarto mês seguido, agora em 2,7 pontos, para 91,8 pontos.
“A confiança do consumidor sobe pelo terceiro mês seguido impulsionada principalmente pela melhora das expectativas futuras. A alta foi disseminada entre os diferentes quesitos da pesquisa, com destaque para os Indicadores de Situação Econômica Geral e Situação Financeira Futura da família. Os resultados refletem o arrefecimento da inflação, a recuperação da renda do trabalho e as expectativas quanto ao início de programas voltados para a quitação de dívidas”, afirma a economista do FGV/IBRE, Anna Carolina Gouveia.
Atualmente, o maior obstáculo para a recuperação mais robusta da confiança do consumidor parece ser o cenário de endividamento e inadimplência. “Esse cenário é agravado pelos juros elevados, refletidos, por exemplo, no Indicador de Situação Financeira das Famílias. O nível ainda se mantém bastante insatisfatório”, completou a economista.
Em julho os dois índices-componentes do ICC avançaram. O Índice de Expectativas (IE) subiu 3,4 pontos, para 107,4 pontos, o maior desde janeiro de 2019 (108,5 pontos); o Índice de Situação Atual (ISA) avançou 1,1 ponto, para 76,8 pontos, mantendo-se no patamar anterior ao início da pandemia de Covid-19 (80,9 pontos em fevereiro de 2020).
O que mais anima o consumidor?
O grau de otimismo com a evolução da situação econômica local, que registrou uma alta no mês de 5,5 pontos, alcançando 123,9 pontos, maior nível desde fevereiro de 2019 (126,2 pontos).
As perspectivas sobre as finanças familiares nos meses seguintes subiu 3,7 pontos, para 105,0 pontos, devolvendo parte da queda do mês anterior.
No entanto, o otimismo cai um pouco no quesito que mede o ímpeto de compras de bens duráveis, que subiu 0,7 ponto, para 92,3 pontos, depois da alta de 10,0 pontos no mês anterior. O número vem mantendo-se acima dos 90 pontos, patamar do qual havia se distanciado desde 2014.
O indicador que mede a satisfação sobre a situação econômica local teve a sexta alta consecutiva, de 1,6 ponto, para 87,1 pontos, maior nível desde outubro de 2014 (89,5 pts).
Já aquele que mede as avaliações sobre as finanças familiares no momento ficou relativamente estável ao variar 0,5 ponto, para 67,0 pontos, após alta de 5,0 pontos do mês anterior.
Faixas de Renda
A análise por faixas de renda mostra ganho de confiança em todos os níveis exceto para as famílias com menor poder aquisitivo (até R$ 2.100), na qual houve piora das avaliações sobre a situação atual.
As demais faixas se mostram otimistas nos dois horizontes de tempo e a confiança das famílias com maior poder aquisitivo (acima de R$ 9.600) atinge o maior nível desde janeiro de 2014 (99,0 pontos).