A China teve peso de 52,8% na balança comercial do Brasil até setembro. Os números do ICOMEX da FGV/Ibre apresentados nesta quinta-feira (19) mostram que em valores esse volume representa US$ 37,6 bilhões. Nesse mesmo período, foi registrado superávit com a Argentina (US$ 4,6 bilhões), Demais América do Sul (US$ 7,9 bilhões) e Ásia exclusive China (US$ 7,1 bilhões). Com os EUA, o Brasil acumulou um déficit de US$ 2,3 bilhões e com a União Europeia de US$ 644 milhões.
No mês de setembro, o volume exportado para a China cresceu 49,5% em relação a igual período de 2022. O outro único mercado com variação positiva foi a Ásia exclusive China, 2,1%. Argentina registrou um recuo de 21,7%, o que deverá continuar e reduzir a variação positiva na comparação do acumulado até setembro, 13,0%. Para o segundo principal mercado, os EUA, as exportações caíram na comparação mensal (3,5%) e a variação foi positiva no acumulado do ano (3,5%).
Na análise do acumulado do ano, o volume importado cai em todos os mercados, exceto Ásia exclusive China. No mês de setembro foram registradas variações positivas para a China (1,0%) e Ásia exclusive China (10,1%).
O que esperar para 2023 depois do conflito Israel – Hamas e Ucrânia – Rússia?
Em 2023, o superávit da balança comercial vai atingir o maior valor na sua série histórica. A Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) revisou a última previsão do superávit para o ano de 2023, de US$ 84,7 bilhões para US$ 93,0 bilhões. O modelo macro do IBRE previu em agosto um superávit de US$ 84,8 bilhões, que deverá ser revisto pra cima. Nossa estimativa preliminar é de um saldo entre US$ 90 bilhões e US$ 92,5 bilhões.
“Num primeiro momento, os possíveis efeitos da guerra entre Israel e o Hamas não devem modificar essas previsões. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia teve um impacto mais imediato nas exportações brasileiras, via os canais dos fluxos de commodities, grãos e petróleo. Em adição, havia temores dos efeitos na agricultura, dado que a Rússia era o principal fornecedor das importações de fertilizantes para o Brasil”, destacaram os analistas.
O Brasil, como membro do Mercosul, tem um acordo de livre comércio com Israel assinado em 2010 e que entrou em vigor em 2011. Da mesma forma, há um acordo Mercosul-Palestina assinado em 2011, aprovado pelo Congresso em 2018, mas que até agora aguarda sanção presidencial. O comércio do Brasil com os dois países é pequeno.
A participação de Israel nas exportações brasileiras é de 0,2% (52º colocado na lista dos mercados exportadores) e, nas importações, de 0,6% (34º na lista dos importadores. A Palestina é o 134º mercado para as exportações e o 157º mercado das importações.
Para o Brasil é possível ganhos com o aumento do preço do petróleo, mas deve ser lembrado que o Brasil também importa petróleo. No acumulado do ano até setembro, a participação do petróleo e derivados nas exportações brasileiras foi de 15,3% e, nas importações, de 12,2%.
“No momento, do ponto de vista do Brasil, a principal questão é a crise humanitária e os possíveis desdobramentos desse conflito. Os impactos irão depender de quanto o conflito possa se estender para outros países da região o que teria um efeito negativo para o crescimento da demanda mundial e impactos ainda não previsíveis com clareza no jogo geopolítico mundial”, concluíram os analistas.