Pelo menos três grandes bancos estrangeiros passaram a ver melhora na avaliação para o real, com argumento de que a moeda brasileira é alvo de grande volume de posições vendidas num cenário em que já precificou boa parte dos riscos domésticos.
Segundo a Reuters, o Bank of America recomenda venda de dólares contra reais como operação tática, por entender que houve melhora recente no ambiente político local.
Conforme estrategistas do banco, ainda que haja preocupação com a dinâmica fiscal, a votação da última quinta-feira na Câmara dos Deputados para manter o veto do presidente a aumentos de salários no funcionalismo público abre a porta para um rali tático.
Câmbio: taxa
Para os analistas do BofA, a taxa de câmbio está atingindo patamares que causam incômodo ao Banco Central, o que respalda cenário no qual o BC permanece mais ativo no mercado de câmbio para atenuar a volatilidade.
Eles afirmam que isso reduz o risco de cauda de uma forte depreciação do real a partir daqui.
O banco iniciou recomendação de venda de dólar a R$ 5,57, com meta de R$ 5,2 e “stop” (patamar a partir do qual a posição é desfeita) em R$ 5,8.
O dólar à vista caía 0,8%, a R$ 5,5490, nesta terça.
Câmbio: lista de moedas emergentes
Pelas contas do BofA, numa lista de 13 moedas emergentes, o real é a que acumula mais excesso de posicionamento vendido, ou seja, que ganha com a desvalorização da divisa.
O banco cita que, pelos dados da B3, investidores domésticos elevaram suas posições contrárias ao real quase a patamares pré-reforma da Previdência, aprovada em outubro de 2019.
Para o JPMorgan, a incerteza fiscal e política no Brasil ainda não vai embora tão cedo, mas o banco avalia que o recente ajuste de preço justifica uma avaliação “mais construtiva” com relação ao câmbio, e também aos juros.
Conforme a Reuters, eles não recomendam, por hora, posições compradas na moeda brasileira, devido ao potencial de volatilidade diante do fluxo de notícias por vir, mas reconhecem que passaram a buscar oportunidades em pontos de entrada para posições favoráveis ao câmbio.
Câmbio: superávit
O BC divulgou mais cedo nesta terça-feira que o superávit em transações correntes do Brasil foi de 1,628 bilhão de dólares em julho, acima do esperado pelo mercado, ajudado pela melhoria expressiva da balança comercial.
O real vinha sofrendo renovada pressão nas últimas semanas em meio ao aumento das preocupações de ordem fiscal no Brasil.
Em cerca de um mês, a moeda deprecia 8,6% ante o real (em termos nominais), elevando a 28,3% a queda acumulada em 2020, de longe a mais intensa entre as principais divisas.
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