O BNDES apresentou os números da temporada de resultados nesta quarta-feira. O lucro líquido foi de R$ 9,5 bilhões no primeiro semestre de 2023.
Já o lucro líquido recorrente foi de R$ 3,7 bilhões, queda de 45% frente ao mesmo período de 2022, R$ 6,7 bilhões. Essa queda no lucro líquido recorrente é explicada basicamente pelas liquidações antecipadas de dívidas junto ao Tesouro Nacional ao longo de 2022, no valor total de R$ 72 bilhões.
O banco desembolsou R$ 40,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, alta de 21,6% em relação ao mesmo período de 2022. O acréscimo ocorreu em todos os setores econômicos, com crescimento nominal de 11% (indústria), 17% (infraestrutura), 21% (comércio e serviços) e 54% (agropecuária).
As aprovações de novas operações para empresas de menor porte cresceram 53% em relação ao primeiro semestre de 2022, atingindo R$ 18,9 bilhões. Somando-se a isso os R$ 24 bilhões em novos financiamentos a MPMEs de outros agentes financeiros garantidos pelo BNDES FGI, o volume de apoio às empresas menores chega a aproximadamente R$ 43 bilhões, contribuindo para a pulverização do acesso ao crédito no País.
Carteira de Crédito
A carteira de crédito expandida, que inclui financiamentos, debêntures e outros ativos de crédito, ficou estável: R$ 479,1 bilhões em 30 de junho de 2023 ante R$ 479,5 bi em 31 de dezembro de 2022, representando 67% dos ativos totais. Os efeitos do retorno das operações (liquidações e pagamentos de parcelas pelos clientes) e da variação cambial negativa (apreciação do Real) foram similares aos efeitos somados da apropriação de juros, atualização monetária e novos desembolsos.
Inadimplência
A inadimplência (+90 dias) atingiu o menor valor da história, em um patamar praticamente nulo: oscilou de 0,13% em 31 de dezembro de 2022 para 0,01% em 30 de junho de 2023, expressivamente inferior à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (3,55% geral e 1,06% para grandes empresas na mesma data), comprovando que o BNDES não sentiu, em sua carteira própria e indireta, os efeitos da piora do mercado de crédito.
Fontes de recursos
Em 30 de junho de 2023, FAT e Tesouro Nacional representavam 57,5% e 6,7%, respectivamente, das fontes de recursos do BNDES. O FAT manteve-se como principal credor do Banco. No semestre, ingressaram R$ 11 bilhões de recursos do FAT Constitucional, e foi apropriado o montante de R$ 8,1 bilhões referentes aos juros, líquidos dos pagamentos ordinários, sendo o saldo do Fundo com o Banco de R$ 389,5 bilhões em 30 de junho de 2023.
O valor remanescente devido pelo BNDES ao Tesouro Nacional atingiu R$ 45,5 bilhões em 30 de junho de 2023, redução de 4,5%. Os pagamentos ordinários de R$ 2,7 bilhões foram atenuados por apropriação de juros e correção monetária de R$ 1,4 bilhão, não tendo havido antecipações de recursos no semestre.
O passivo com captações externas totalizou R$ 27,1 bilhões em 30 de junho de 2023, decréscimo de 1,1% no semestre. A entrada de R$ 3,6 bilhões (US$ 750 milhões) em recursos captados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) foi compensada pelo efeito da desvalorização do dólar americano no saldo devedor dos contratos e por amortizações de saldos em aberto, destacando-se pagamento de aproximadamente R$ 900 milhões junto ao Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC).
Patrimônio líquido
O patrimônio líquido do BNDES atingiu R$ 140,6 bilhões em 30 de junho de 2023, acréscimo de 7,1% em relação ao saldo em 31 de dezembro de 2022. O resultado decorre, principalmente, do lucro líquido do semestre, de R$ 9,5 bilhões, além de impacto positivo do ajuste a valor de mercado (ações e títulos públicos) de ativos.
Basileia
O Índice de Basileia melhorou 1,3% em relação ao valor divulgado no balanço trimestral, em função, principalmente, da diminuição do pagamento de dividendos (de 60% para 25%) e do lucro líquido apurado de R$ 9,5 bilhões, atingindo 34,4% em junho de 2023, muito acima dos 10,5% exigidos pelo Banco Central.
Ativos
Os ativos totais do Sistema BNDES somaram R$ 706,8 bilhões em 30 de junho de 2023, aumento de R$ 23 bilhões (3,4%) em relação a 31 de dezembro de 2022. O resultado decorre, principalmente, do aumento das disponibilidades e do acréscimo de R$ 4,2 bilhões, no semestre, no valor justo da carteira de participações societárias em não coligadas.
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