ANÁLISE: BCE e os juros em alta

Mais aumentos estão previstos

O Banco Central Europeu elevou suas taxas de juros em 75bps, a maior alta da história da autarquia. O comunicado também traz as projeções econômicas atualizadas. O ECB antecipou novas altas nas próximas reuniões, com a magnitude delas a depender do
cenário.

Comentário:
O Banco Central Europeu (ECB, na sigla em inglês) elevou suas taxas de juros em 75bps, a maior alta da história da autarquia e conforme a nossa expectativa. A main refinancing rate ficou em 1,25%, a marginal lending facility rate em 1,50% e a deposit facility rate em 0,75%. No comunicado, o ECB antecipou novas altas em muitas reuniões à frente, com a magnitude delas a depender do cenário.

O documento também traz as projeções atualizadas da autarquia. Em junho, esperava-se uma inflação de 6,8% para 2022. Agora espera-se 8,1%. Para 2023 e 2024, as expectativas ficaram em 5,5% (vs. 3,5% de junho) e 2,3% (vs. 2,1% de junho), respectivamente. A projeção do PIB para o final desse ano ficou em 3,1% (vs. 2,8% de junho). Já o PIB de 2023 foi revisado de 2,1% para 0,9%, em função da queda do poder de compra dos agentes e aumento dos custos de produção. Para o final de 2024, esperase 1,9% (vs. 2,1% em junho). Vale destacar que o ECB antevê contração da atividade em 2023 em seu cenário pessimista.

O ECB reforçou que a flexibilização dos reinvestimentos dos vencimentos na carteira do PEPP continuará sendo a primeira linha de defesa para fazer frente aos riscos relacionados à pandemia. Sobre o APP, o ECB reitera que os reinvestimentos se darão enquanto for necessário manter amplas condições de liquidez e apropriada postura de política monetária.

Na coletiva de imprensa, a presidente Lagarde deixou claro que a inflação está se disseminando pelos grupos, em maior parte por conta dos desdobramentos do aumento da energia, e permanecerá acima da meta por algum tempo. Adicionou que um mercado de trabalho forte pode ocasionar em aumento de salários, implicando em maior pressão inflacionária em serviços, principalmente.

Nota-se que, apesar de a decisão de alta ter sido unânime, houve diferentes visões acerca do tamanho da alta. Nesse sentido, movimentos de 75bps não são a norma, segundo a Lagarde. A presidente disse ainda que “several meetings” pode significar algo entre duas e quatro reuniões. Sobre a taxa neutra de juros, o conselho não sabe exatamente qual é o patamar. Entretanto, foi dito que quanto mais longe da taxa terminal, maior o ritmo de aumento. Lagarde também ressaltou o impacto da depreciação do euro na inflação, por meio das importações. Não foi dado nenhum detalhe acerca do TPI.

*Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal.

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