Sabemos que não é de hoje o interesse dos investidores pelo universo de venture capital (empresas que investem em empresas). No entanto, nos últimos meses, esse mercado tem atraído ainda mais atenção no Brasil. Só no mês de agosto, o volume investido triplicou frente ao mesmo período em 2020.
De acordo com levantamento do report do hub de inovação Distrito, este crescimento avançou de US$ 191 milhões para US$ 772 milhões em montantes, registrando a forte tendência na qual startups passam a investir em outras startups.
Esta modalidade é comumente empregada nas carteiras de mercados mais desenvolvidos, como nos Estados Unidos. Contudo, nos últimos tempos, o investimento em startups passou a ser mais comum entre os brasileiros, ainda que o mesmo esteja em ascensão.
Crescimento do mercado de investimentos
Sendo assim, neste cenário de expansão, Nemer Rahal, sócio e CSO da Mindset Ventures, gestora de venture capital que conecta investidores brasileiros a empresas de tecnologia localizadas nos Estados Unidos e em Israel, destaca que o mercado de investimento em startups deve prosseguir.
Visto que, de maneira geral, esse mercado deve continuar crescendo no Brasil nos próximos anos, provocado pela criação de novos fundos e startups. Bem como, pelo crescimento da ‘fome’ do brasileiro pela nova categoria de investimento.
Isto posto, Nemer ressalta que os fundos de investimentos em venture capital são uma boa opção aos investidores iniciantes no mercado financeiro.
Investimentos em fundos
Para o especialista, a alternativa de investir em fundos, ao invés de alocar diretamente nas startups, pode ser a melhor opção aos investidores. Afinal, os especialistas responsáveis que analisam e acompanham o mercado de venture capital em tempo integral são terceirizados.
Desse modo, o CSO da Mindset Ventures explica que os gestores desse mercado dedicam 100% do seu tempo para acompanhar os movimentos do setor. Sendo que, dificilmente, o investidor tem acesso às informações necessárias para uma tomada de decisão de investimento mais embasada que o profissional especialista na área.
Contudo, Nemer sugere aos investidores que tenham pleno conforto e conhecimento sobre o mercado em que determinada startup atua. Ainda que se sinta confortável o suficiente para entrar nessa, sem apoio de um especialista, esses ativos ainda podem conter riscos.
Pensando nessas dúvidas, Nemer selecionou algumas dicas essenciais para investidores que pretendem entrar no mercado de venture capital:
1 – Considerar o valor a ser alocado
Antes mesmo de aportar em qualquer venture capital, é necessário levar em conta o percentual do portfólio de investimento que deve ser alocado no fundo, considerando a baixa liquidez desta classe.
Desse modo, Nemer explica que os de venture capital são ilíquidos e, normalmente, preservam os recursos investidos por até 10 anos, sem possibilidade de resgate. Assim, a pessoa deve considerar investir recursos que ele poderá dispor neste período.
2 – Estudar as principais características do fundo
A propósito, é de extrema importância que o investidor tenha ciência sobre o gestor. Bem como, compreender se o fundo selecionado atenderá suas expectativas.
“Conhecer não apenas o histórico do gestor, mas a forma como a empresa está organizada, sua estrutura interna e a equipe. Isso é um fator decisivo para aumentar a chance de sucesso na alocação”, explica.
Além disso, o fundo precisa estar alinhado com os requisitos, objetivos e perfil do investidor. Sendo assim, uma série de pontos precisam ser levados em conta. Tais como, a região de atuação, diversificação do portfólio, o valor total a ser captado, tipo de empresa a ser investida, entre outros.
3 – Escolha uma gestora com boa relação
No venture capital, é possível encontrar gestoras que não estabelecem uma proximidade com seus investidores, o que acontece muito pelo aspecto de iliquidez dos fundos. No entanto, Nemer aponta esse fator como um ponto fundamental para se fixar confiança e credibilidade ao gestor.
“Busque gestoras com equipes facilmente acessíveis e dispostas a constantemente munir seus investidores com informações. Mesmo que o investidor tenha terceirizado o poder de decisão no momento em que escolheu alocar seus recursos em um fundo, ele tem o direito de estar ciente do desenvolvimento do fundo no qual investiu”, afirma.
4 – Acompanhar frequentemente o desempenho do investimento
Por fim, acompanhar a performance do fundo e compreender a razão do desempenho, seja ele bom ou ruim, figura entre os principais pontos para quem aloca recursos em fundos de venture capital. Sendo assim, o especialista deve ter diversos canais de comunicação com sua base.
Bem como, eventos de atualização, relatórios e calls. Em razão disso, existe a importância das gestoras abertas se comunicarem com seus investidores, como Nemel explicou anteriormente.
Em resumo, o mesmo ressalta a necessidade de observar se o gestor está cumprindo ou não o mandato do fundo, ou seja, se o número de empresas investigadas está de acordo com o que havia sido previsto.