Rede D’Or (RDOR3) e Ultrapar (UGPA3) no resumo dos balanços

MRV (MRVE3) se traduziu em uma expansão da receita líquida

A equipe da Guide Investimentos escolheu os principais resultados financeiros, divulgados entre a noite desta quarta-feira e hoje, para as devidas análises.

Resumo de hoje e as análises

Rede D’or (RDOR3)

A Rede D’or divulgou os resultados do 2T23 ontem após o fechamento do mercado. Os números foram bons e mostraram crescimento elevado na receita junto com aumento de margens. Contudo, os números estão um pouco poluídos pela consolidação da SulAmérica a partir do 2T23 e sem conciliação para anos anteriores.

Do lado operacional, a Rede Dor alcançou ocupação de 83% no 2T23, nível em linha com a sazonalidade favorável do trimestre. As internações atingiram 725 mil diárias (recorde histórico), alta de 2,5% A/A e o ticket médio aumentou 7,5% para R$ 9.919. Na SulAmerica o destaque foi o crescimento de 5% na base de beneficiários e a baixa sinistralidade no trimestre.

A receita consolidada da Rede Dor foi de R$ 11.679 milhões (+11% excluindo a SulAmerica) e foi positivamente impactada pelo aumento nos atendimentos e também pelo aumento no ticket médio. Parte da explicação para o aumento no ticket é a maior participação de procedimentos mais complexos, como cirurgias e tratamento oncológico. O Ebitda de R$ 1.895 (+13% excluindo a SulAmerica) foi positivamente afetado pelo crescimento da receita e controle de custos, principalmente com materiais e medicamentos hospitalares. A margem também foi positivamente impactada pela melhor ocupação. O lucro foi de R$ 490 milhões.

“Marginalmente positivo. A fusão com a SulAmerica dificulta uma leitura precisa dos números da Rede Dor. Ainda assim, vemos mais pontos positivos que negativos no resultado. Tanto a operação da Rede Dor quanto da SulAmerica mostraram boa evolução operacional e crescimento na rentabilidade, o que explica nossa visão positiva com os números.

Ultrapar (UGPA3)

Ontem a Ultrapar apresentou seu resultado referente ao 2T23. Separaremos a analise por segmento.

Ultragaz. A Margem EBITDA foi de R$ 917por tonelada, estável contra o trimestre passado, e aumento de 49% contra o ano passado. Ganhos de eficiência, maior volume de venda contribuíram para o bom desempenho; mas foram negativamente impactadas por maiores despesas.

Ultracargo. A margem EBITDA foi de 63%, aumento 2p.p contra o mês passado e aumento de 3p.p contra o ano passado. Isso foi reflexo da maior ocupação da capacidade com ganhos de rentabilidade, maiores tarifas, ganhos de produtividade e eficiência e resultado de equivalência patrimonial, apesar de maiores despesas.

Ipiranga. A margem EBITDA ajustada foi de R$ 85 por m³ queda de 21% contra o mês passado e queda de 43% contra o ano passado. O principal motivo foi os menores custos dos combustíveis vendidos no mercado interno (principalmente pela Petrobras).

O endividamento (divida líquida/EBITDA últimos 12 meses) da companhia teve queda de 2,2X para 2,1. Sem preocupações.

A Ultrapar anunciou o pagamento de dividendos de R$ 0,25 por ação que corresponde a um yield anualizado de aproximadamente 5,26%. Na minha visão a distribuição é aceitavelmente boa.

“Negativo. A margens da Ultragas se manteve estável, da Ultracargo aumentou e a da Ipiranga caiu fortemente. A margem do segmento de distribuição de combustíveis é a mais relevante para companhia e o motivo da queda foi a redução dos preços dos combustíveis feitos pela Petrobras. O mercado vai ficar atento para ver se as distribuidoras conseguem operar bem nesse mercado como ocorreu no mercado. Esse primeiro resultado passa um sinal negativo quando isso. Embora o EBITDA e a receita atenham vinda em linha com o esperado.”

MRV & Co (MRVE3)

A forte performance de vendas de MRV se traduziu em uma expansão da receita líquida para R$1.8bi (em linha), enquanto a combinação de um aumento no ticket médio das novas vendas e custos de construção sob controle levaram a um aumento na margem bruta para 25.9% (+1.3p.p. T/T e + 2.8p.p. vs Consenso), enquanto a ainda elevada representatividade das vendas da safra de 2021/2022 segue pressionando a margem. As despesas comerciais apresentaram aumento marginal em relação a receita líquida da companhia, refletindo o maior volume de vendas, mas devem ser diluídas ao longo dos próximos trimestres com a evolução do PoC. Por fim, dado o elevado endividamento da companhia, o resultado financeiro seguiu pressionado, resultando em um prejuízo líquido marginal de R$20mi (vs expectativa de lucro líquido de R$31mi do Consenso).

Em Resia, a venda do empreendimento Pine Ridge aliviou a queima de caixa, que totalizou R$71mi. Diante disso, a companhia encerrou o trimestre com um FCO negativo em R$207mi e uma queima de caixa de R$379mi.

“Marginalmente Positivo. A companhia reportou um resultado em linha com o esperado, mas com uma expansão de margem bruta mais forte do que o esperado, o que pode desencadear uma reação positiva nas ações da companhia.”

Grupo Soma (SOMA3)

Apesar do cenário de vendas mais desafiador, a companhia reportou um SSS de 7.7%, o que se traduziu em uma expansão da receita líquida para R$1.3bi (em linha), enquanto a margem bruta ex-Hering caiu para 66.1% (-4.2p.p A/A), em razão de maior atividade promocional, manchando a margem bruta consolidada, que caiu para 57.5% (-1.8p.p. A/A e -1.6p.p. vs Consenso). A alavancagem operacional da companhia permaneceu estável, de modo que a leve pressão na mg. EBITDA de 16.1% (-0.7p.p. A/A e -0.8p.p vs Consenso) se deu em razão da contração da margem bruta, resultando em um EBITDA de R$209mi (-6% vs Consenso) e um lucro líquido de R$96mi (-9% vs Consenso), afetado pela deterioração do resultado financeiro.

“Marginalmente Negativo. A companhia reportou um resultado levemente abaixo do esperado, pressionado, sobretudo, pela deterioração da margem bruta.”

Odontoprev (ODPV3)

A Odontoprev divulgou bons resultados no 2T23. Contudo, os números ficaram um pouco abaixo das expectativas elevadas dos investidores e esperamos uma reação levemente negativa hoje.

O número de beneficiários aumentou 4% para 8.421 mil, com crescimento bem distribuído entre grandes empresas (ticket baixo) e planos individuais e para pequenas e médias empresas (PME). O ticket médio cresceu 4%, negativamente afetado pelos baixos reajustes nos planos corporativos (+1% vs +5% em planos individuais). A receita cresceu 10% A/A para R$ 528 milhões e ficou em linha com o esperado. Apesar da queda da sinistralidade de 42% no 2T22 para 41% no 2T23, o Ebitda da Odontoprev foi de apenas R$ 148 milhões (+3% A/A). O baixo crescimento do Ebitda é explicado por custos maiores e também despesas comerciais e despesas gerais e administrativas mais elevadas. O lucro de R$ 117 milhões ficou em linha com o esperado.

“Marginalmente negativo. A Odontoprev manteve o bom crescimento da base de beneficiários, além de manter um mix saudável de clientes corporativos e individuais. A sinistralidade se manteve baixa (abaixo da média histórica), outro ponto positivo. Contudo, a rentabilidade foi corroída por custos e despesas, o que deve desapontar os investidores.”

Hapvida (HAPV3)

A Hapvida divulgou os resultados do 2T23 ontem após o fechamento do mercado. Em resumo, vemos mais fatores negativos que positivos no resultado, como baixo crescimento da base de beneficiários, aumento na sinistralidade e redução de margem. Mantemos nossa preferência por Rede Dor no setor. A base de usuários da Hapvida aumentou 3% para 16,1 milhões como pode ser visto na figura abaixo. O crescimento foi maior no segmento de odontologia, de ticket e margem menor. Do lado positivo, o ticket médio nos planos de saúde aumentou 12% para R$245/mês.

A receita da Hapvida foi de R$ 6.840 milhões (+12% A/A), positivamente afetada pelos reajustes nos planos de saúde como é possível ver acima. Do lado negativo, o aumento da sinistralidade fez com que a margem Ebitda diminuísse de 9,6% no 2T22 para 8,9% no 2T23. A Hapvida destacou que a maior sinistralidade foi causada por viroses típicas do período de outono no Brasil. O prejuízo de R$ 161 milhões é explicado principalmente pela amortização de ágio (fruto das diversas aquisições feitas pela Hapvida nos últimos anos). Excluindo este efeito, o lucro foi de R$ 222 milhões.

“Marginalmente negativo. As operações da Hapvida continuam mostrando evolução abaixo da média do setor, tanto em termos operacionais (crescimento da base, sinistralidade) quanto financeiro. Apesar do desempenho fraco das ações da Hapvida nos últimos meses, mantemos nossa preferência por Rede Dor.”

Alupar (ALUP11)

Na noite de ontem, após o fechamento do mercado, a Alupar divulgou seu resultado do 2T23. Em linhas gerais, o resultado não trouxe grandes surpresas, vindo bem em linha com o consenso.

No segmento de transmissão, a receita líquida totalizou R$ 631,6 mm, 13,6 acima de 2T22, sendo o crescimento atribuído principalmente pelo reajuste das RAP que estabeleceu reprecificação de 11,73% para os contratos indexados em IPCA e 10,72% para os contratos indexados em IGP-M. Já o EBITDA andou em linha 13,3%, finalizando o período em R$578 milhões, 13,3% de crescimento, correspondendo a uma margem de 91,5%. Por fim, o lucro líquido cresceu 90,4% no ano para R$287 milhões, refletindo um menor IPCA do trimestre incidindo sobre as despesas financeiras da companhia.

No segmento de geração, o EBITDA finalizou o período em R$123, crescimento de 16,5%, dada evolução de 15,1% da receita líquida do período para R$180 milhões, refletindo uma dinâmica de preço e volumes mais positiva. Com isso, o lucro líquido do segmento finalizou em R$46 milhões, contra R$3 milhões do 2T22, dado impulso também no resultado financeiro pelas mesmas razões de transmissão.

“Neutro. O resultado se deu bem em linha com o esperado. Dessa forma, esperamos uma reação neutra do mercado. Vale ressaltar que a entrada em vigor dos novos projetos, em paralelo a política de distribuição de no mínimo 50% do lucro líquido regulatório e a ausência de arremate de blocos no último leilão podem acarretar a distribuição de um bom montante de proventos nos próximos trimestres. Neste resultado, a companhia anunciou o pagamento de 0,4% de dividend yield.”

Randon (RAPT4)

No mercado de caminhões, houve uma queda significativa nos indicadores, principalmente devido aos efeitos da antecipação da produção de veículos com motorização Euro 5 em 2022. Isso gerou estoques adicionais que podem ser vendidos até o final de 2023. Como resultado, as OEMs mantiveram um ritmo lento de produção de caminhões Euro 6 no 1S23, adotando medidas como lay offs para adequar a produção à demanda.

Em resumo, houve uma queda no mercado de caminhões enquanto os mercados de semirreboques e reposição se mantiveram estáveis ou em crescimento.

A receita líquida foi de R$ 2,8 bilhões, estável frente ao 2T22, pela continuidade da boa demanda de semirreboques e pelos avanços nos mercados de reposição e externo, compensando a queda na venda de autopeças para OEMs.

O EBITDA foi de R$ 444 milhões, crescimento de 22,8% e de 2,9 p.p. na margem EBITDA, quando comparado com o 2T22, principalmente pelo menor custo de matéria-prima e pela captura de sinergias entre nossas operações.

A alavancagem fechou o trimestre em 1,53x sem considerar o Banco Randon, estável em relação ao trimestre passado.

“Impacto: positivo. Os efeitos negativos da antecipação de vendas de caminhões já eram esperados. Do lado positivo, receita, EBITDA e lucro líquido vieram acima do esperado. Espero reação positiva ao resultado de 2023.”

SLC Agricola (SLCE3)

Ontem a SLC divulgou seu resultado referente ao 2T23. Esse trimestre aponta para uma desaceleração em relação aos altos níveis do ano passado, mas ainda são bastante sólidos e atestam o valor que a empresa pode extrair de seu modelo de negócios, mesmo em um cenário de custos menos favorável. O EBITDA ajustado atingiu R$569 milhões, apesar de volumes comercializados menores do que o esperado para algodão, soja e milho, com uma margem de 39,4%, apesar dos custos muito mais altos este ano. O EBITDA foi 31% menor a/a em uma queda de margem de 9,9p.p. a/a, explicada por um lucro bruto/tonelada menor de algodão (-50% a/a) e soja (-30% a/a).

A relação dívida líquida/EBITDA ficou em um confortável 1,8x.

“Neutro. Mesmo em cenário de queda das suas commodities, SLC demonstrou resiliência. O resultado venho em linha com o esperado pelo mercado. Espero reação neutra.

 

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