Desde abril, acompanhamos uma melhora de humor na economia doméstica, fruto, sobretudo, das aprovações pelo Congresso Nacional da nova regra fiscal, da reforma tributária e da manutenção da meta de inflação em 3% pelo Conselho Monetário Nacional – CMN.
Tais decisões, aliada à forte entrada dos investidores estrangeiros esse ano, em quase R$ 20 bilhões, beneficiaram o desempenho dos mercados de risco, como dólar e bolsa de valores, que catapultou o Ibovespa de 97 mil pontos para (em torno) de 120 mil pontos.
A estimativa atual da Órama para o índice Ibovespa, ao final de 2023, é de 122 mil pontos, baseada em projeção de múltiplo P/L de 6,7x (desconto de quase 50% em relação ao múltiplo médio da década de 2010, de 13,2x e 30% em relação ao piso do período, de 10x) e elevação de lucros médios para o ano, de 7%.
Nesse momento, atualizamos o preço-alvo do indicador para 125 mil pontos em dezembro de 2023, por entender que as ações da Vale, por estarem extremamente descontadas, podem agregar de 2 a 3 mil pontos até o fim do ano, face à sua grande participação no índice, além da muito provável inflexão da política monetária pelo Copom, que ajuda o mercado de ações.
Adicionalmente, com intuito de auxiliar os clientes a tomarem decisões nesse segmento de bolsa, a curto e médio prazo (próximos 12 meses), fizemos algumas simulações adiante, adotando uma proxy do modelo GCAPM para o Ibovespa, como se fosse um ativo internacional inserido ao S&P 500.Nesse caso, projetamos o indicador em 136 mil pontos para julho de 2024, tendo como premissas:
Crescimento do PIB para 2023 em 2,1% e 1,6% para 2024;
Política fiscal responsável, com nova regra fiscal aprovada e reforma tributária prosperando, incluindo aquela que deverá ocorrer no 2º semestre, sobre a renda e patrimônio;
IPCA de 4,8% em 2023 e 4% em 2024;
Descompressão da política monetária a partir de agosto, com redução da taxa Selic, para 12,25% a.a. ao final de 2023 e 9% ao final de 2024;
Crescimento do PIB global em torno de 2,5% nos próximos 12 meses;
Bolsas em NY estáveis;
Elevação dos Fed Funds em 25 pontos em julho e manutenção da taxa até final do 1º trimestre de 2024;
CDS Brazil em 180 bps;
Rendimento do Treasury de 1 ano em torno de 5%;
Prêmio do S&P 500 em 5%;
Expectativa de desvalorização cambial em 3%;
Beta ajustado de 1,05.
Como fatores de risco entendemos que os mercados de ações em NY podem estar com valuations exagerados, em virtude do recente rali da Inteligência Artificial, o que, em caso de correção, pesaria contrariamente para as classes de ativos como ações, sobretudo se sobrevier um crash ou uma nova rodada de crise bancária.
*Alexandre Espirito Santo é economista–chefe da Órama Investimentos