Com a safra de resultados financeiros em ritmo acelerado, a equipe da Guide Investimentos optou por analisar várias empresas brasileiras que entregaram números ontem à noite e hoje pela manhã. Entre os destaques estavam a Lojas Renner (LREN3), Alpargatas (ALPA4), Log CP (LOGG3), entre outras.
Acompanhe os resumos e as devidas avaliações da equipe da Guide
Lojas Renner (LREN3)
Cenário desafiador de vendas culmina em contração do top-line. Com um menor volume de vendas e maiores descontos, a companhia reportou uma contração em sua receita líquida de varejo, que atingiu R$3.0bi (-6% A/A), e em sua margem bruta de varejo, que caiu para 53.9% (-2.2p.p. A/A), enquanto o SSS recuou 7% na comparação anual, refletindo o cenário desafiador de vendas.
Aumento do SG&A resulta em perda de alavancagem operacional, EBITDA abaixo do esperado. O SG&A cresceu 3% A/A, em razão de gastos adicionais referentes ao novo CD de Cabreúva, e a sua representatividade em relação a receita líquida aumentou em 3.3p.p., refletindo a perda de alavancagem operacional da companhia e resultando em uma margem EBITDA do varejo de 17.9% (-3.8p.p. A/A), enquanto o EBITDA do varejo foi de R$535mi (-22% A/A).
Realize: Inadimplência segue elevada, leva à maiores níveis de perdas líquidas. O resultado da Realize permaneceu negativo, de modo que o endividamento das famílias perto de sua máxima histórica pressionou a inadimplência, o que se refletiu em um aumento de 41% nas perdas líquidas, para -R$396mi. Sendo assim, a financeira da companhia registrou um EBITDA negativo de -R$54mi.
Lucro líquido contrai 36% A/A. Diante de uma contração na sua receita líquida, maiores despesas de SG&A e deterioração do resultado de Realize,a companhia registrou um lucro líquido de R$230mi (-36% A/A), mesmo com o reconhecimento de incentivos fiscais (não recorrente) impactando positivamente o seu bottom-line.
“Marginalmente Negativo. A Renner reportou um resultado fraco, com deterioração na maioria das linhas do seu P&L, contudo, como isso já era antecipado pelo mercado, esperamos que as ações da companhia tenham uma reação marginalmente negativa ao resultado na sessão de hoje.”
Alpargatas (ALPA4)
Ajuste de estoques e volumes pressionados levam à contração do top-line. A companhia observou quedas relevantes nos volumes de Brasil, que atingiu 37mi de pares (-20% A/A), pressionado pelo ajuste de estoques, e no âmbito internacional, que atingiu 8mi de pares (-27% A/A), pressionado pelo ajuste de estoques e por problemas logísticos que resultaram em cancelamento de pedidos na Europa.
A receita líquida foi de R$926mi (-13% A/A e -8% vs Consenso), com queda de -13% A/A no Brasil e -12% A/A no internacional, enquanto a receita por par aumentou +10% no consolidado, impulsionado, sobretudo, pelo crescimento no segmento internacional (+20% A/A). Ademais, com a queda nos volumes a companhia teve dificuldade de trabalhar preços, o que somado aos custos elevados, levou ao encolhimento da margem bruta da companhia em -11p.p. A/A, atingindo 41% (-3.7p.p. vs Consenso).
Aumento das despesas resulta em perda de alavancagem operacional, prejuízo líquido de R$43mi. Apesar da queda significativa nos volumes, a companhia apresentou crescimento de 5% nas despesas comerciais, o que combinado com um aumento de 2% no G&A recorrente, levaram a uma severa redução da alavancagem operacional, que é refletida no EBITDA recorrente de apenas R$5mi (vs R$71mi do Consenso) e no prejuízo líquido de R$43mi (vs LL de R$63mi no 2T22 e vs -R$19mi do Consenso).
Alpargatas anuncia plano de ganho de eficiência. A companhia reconheceu a necessidade de melhorar seus resultados e anunciou um plano de ganho de eficiência, que deve contribuir com uma redução de custos e SG&A na ordem de R$80-120mi/ano, a partir de 2024.
“Negativo. A Alpargatas entregou um resultado fraco, abaixo do esperado pelo mercado, em decorrência de ajuste de estoques, volumes pressionados, contração da margem bruta e perda de alavancagem operacional. Diante disso, esperamos uma reação negativa das ações da companhia na sessão de hoje. Por outro lado, é importante fazer a ressalva de que o anúncio do plano de ganho de eficiência pode ser bem recebido pelo mercado, contribuindo para uma reação menos negativa ou até mesmo positiva.”
Log CP (LOGG3)
Sólida performance operacional impulsiona Same Client Rent. A empresa registrou uma absorção bruta de 118k m², enquanto apresentou uma taxa de vacância estabilizada de 0.7% (-0.7p.p. T/T), um recorde na história da companhia. Isso impulsionou o SCR real da Log, que foi de +0.3%, enquanto a sua receita líquida atingiu R$57mi (-14% T/T e -6% A/A), com a queda trimestral atribuída a venda de ativos. Além disso, a empresa teve uma redução de alavancagem operacional, uma vez que seu SG&A cresceu 25% T/T e A/A, enquanto a receita líquida apresentou uma contração, ficando em 21% em relação a receita líquida (deteriorando 3p.p. T/T e 1p.p. A/A). Sendo assim, a Log registrou um EBITDA de locação de R$43mi (-18% T/T e -3% A/A).
Resultado financeiro pressiona bottom-line. Em razão do efeito da elevada taxa de juros sobre a sua posição de dívida também elevada, a Log teve uma perda financeira líquida (ex-equity swap) no montante de R$31mi, enquanto o equity swap foi positivo em R$21mi. Diante disso, a companhia apresentou um FFO (ex-equity swap) de R$18.3mi (-41% T/T e -49% A/A).
“Neutro. A companhia apresentou um resultado fraco, com o destaque negativo sendo o crescimento do SG&A. Todavia, vale salientar que o resultado da companhia foi afetado por diversos itens não recorrentes e pela volumosa venda de ativos que inviabilizou uma base de comparação justa.”
Cemig (CSMG4)
Na noite de ontem, após o fechamento do mercado, a Cemig divulgou seu resultado do 2T23. Em resumo, a companhia apresentou mais um bom resultado. Dentre os destaques a companhia apresentou um EBITDA ajustado de R$1,9 bilhão, crescimento anual de 3,8%. O destaque positivo foi novamente a Cemig D, registrando um EBITDA de R$688 milhões, crescimento de 14,4% em relação ao 2T22, refletindo principalmente um crescimento de 0,7%no volume de energia distribuída, além de menores perdas de energia.
Já a Cemig GT registrou um EBITDA de R$629 milhões no 2T23, queda de 27,1% no ano, refletindo menores receitas de atualização da bonificação de outorga e de contratos de transmissão, dada a queda do IPCA no período. Além disso, houve transferências de contratos de energia para a holding.
Com isso, a companhia entregou um lucro líquido ajustado de R$1,2 bilhão, crescimento anual de 6,6%.
“Marginalmente positivo. Na nossa visão, a companhia entregou bons números, superando a estimativa de EBITDA do consenso, principalmente por um bom desempenho da parte de geração.”