JBS (JBSS3), Itaúsa (ITSA4) e Magazine Luiza (MGLU3) entre as análises

BRF (BRFS3) e Localiza (RENT3) estão nos destaques

Para essa reta final da temporada de balanços do segundo trimestre, a equipe da Guide Investimentos selecionou sete empresas para as devidas análises nesta terça-feira.

Acompanhe o resumo e as devidas análises

JBS (JBSS3)

A JBS divulgou os resultados do 2T23 ontem após o fechamento do mercado. Os números mostraram leve melhora nas margens e ficaram em linha com o esperado.

Esperamos uma reação neutra hoje. Como pode ser visto nas figuras abaixo, a maioria dos negócios da JBS apresentou leve melhora nas margens no 2T23. Parte da melhora reflete a sazonalidade favorável do período e parte reflete iniciativas da JBS ou melhora nas condições de mercado. A queda no preço dos grãos está ajudando a melhorar as margens na Pilgrims enquanto a leve melhora no ciclo do gado contribuiu para margens melhores nas operações de bovinos nos EUA, Brasil e Austrália.

A receita da R$ 89 bilhões (-3% A/A) ficou em linha com esperado. Como pode ser visto na figura acima, a maioria dos negócios da JBS tiveram receita estagnada no 2T23 vs 2T22. A apreciação do Real contribuiu negativamente pra receita. O lucro bruto apresentou uma leve melhora, passando de R$ 7,6 bi no 1T23 para R$ 9,9 bi no 2T23, refletindo menor pressão de custos, tanto na operação de bovinos quanto aves, como mencionado anteriormente. Como resultado da menor pressão de custos, o Ebitda aumentou de R$ 2,1 bi no 1T23 para R$ 4,5 bi no 2T23. A margem aumentou de 2,5% para 5,0%: como já destacado, praticamente todo aumento de margens veio da melhora nos custos. Por fim, a empresa apresentou prejuízo de R$ 264 milhões no trimestre (melhor que prejuízo do 1T23, mas abaixo do esperado pelo mercado).

“Levemente negativo. Apesar dos números terem ficado em linha com o esperado, a falta de impacto das iniciativas de contenção de despesas pode ser mal recebida pelos investidores.”

BRF (BRFS3)

A BRF divulgou os resultados do 2T23 ontem após o fechamento do mercado. Os números continuaram fracos e bastante penalizados por despesas financeiras elevadas (acima de R$ 1 bilhão no trimestre), mas apresentou alguma evolução positiva vinda de preços melhores no mercado internacional e redução de custos.

A receita líquida foi de R$ 12,2 bi (-6% A/A) e ficou abaixo do esperado. A queda na receita reflete a apreciação do Real e em menor grau volumes menores no Brasil. Do lado positivo, a BRF destacou a melhora dos preços em US$ no mercado internacional e também a redução de custos (como pode ser visto na figura acima). Estes dois fatores permitiram a recuperação das margens. A redução de custos e despesas também contribuiu para a melhora de margens da BRF: o Ebitda aumentou 66% vs 1T23 apesar da queda na receita. O lucro continuou sendo negativamente afetado por despesas financeiras elevadas.

“Neutro. Apesar das pequenas melhoras de custos e preço/kg, os resultados da BRF ainda foram bastante fracos. Em particular, o lucro bruto e a margem bruta caíram no 2T23 vs 1T23. Apesar de esperarmos melhora nos próximos resultados, o ponto de partida é mais baixo que imaginávamos.”

Cruzeiro do Sul (CSED3)

A Cruzeiro do Sul divulgou bons números no 2T23. A base de alunos aumentou 11% na base anual, com manutenção da participação elevada de alunos nos cursos na área de saúde (mais rentáveis). Do lado negativo, o ticket médio ficou estável tanto no presencial quanto no EAD. Vale destacar que a base de alunos EAD da Cruzeiro do Sul aumentou 21% A/A, reflexo da menor base neste grupo vis-à-vis outras empresas do setor, como Yduqs, que atuam no EAD há mais tempo.

A receita líquida aumentou 13% A/A, para R$ 602 milhões e ficou em linha com o esperado O Ebitda de R$ 188 milhões (+18% A/A) ficou acima do esperado e mostrou forte alavancagem operacional. Acreditamos que a rentabilidade do setor deve continuar melhorando nos próximos trimestres a medida que os impactos negativos da pandemia sobre a base de alunos diminua. A volta do FIES poderia ajudar ainda mais o setor mas não é algo necessário para manter a visão positiva no setor em nossa visão. O lucro de R$ 51 milhões (+113% A/A) também ficou acima do esperado.

“Positivo. Os números continuaram mostrando melhora e ficaram acima do esperado. Acreditamos que ainda estamos no início desta tendência de melhora no setor.”

Localiza (RENT3)

Ontem a Localiza divulgou seu resultado referente ao segundo trimestre de 2023. O trimestre foi desafiador devido à Medida Provisória nº 1.175 (MP), que reduziu o preço dos carros 0Km de até R$120 mil entre R$2,0 mil a R$8,0 mil. Isso levou a uma redução na velocidade de compra de carros para aluguel e nos preços e volumes de venda de Seminovos. Com a extensão dos descontos da MP para pessoas jurídicas, a compra de carros foi acelerada, com cerca de 23 mil carros adquiridos com desconto. No trimestre, foram comprados 57.110 carros e vendidos 52.711 carros no Seminovos. O resultado foi aumento da frota no período.

No segundo trimestre de 2023, na divisão de Aluguel de Carros, a depreciação média anualizada foi de R$6.578,5 por carro (excluindo os efeitos da Medida Provisória). Isso é explicado principalmente pela menor proporção de carros totalmente depreciados, devido ao processo de renovação da frota. Na divisão de Gestão de Frotas, a depreciação média por carro foi de R$5.660,8 (excluindo os efeitos da Medida Provisória) no segundo trimestre de 2023.

O EBITDA consolidado ajustado foi de R$2.498,9 milhões, um aumento de 27,9% em comparação ao EBITDA proforma ajustado do mesmo período do ano anterior. No trimestre, houve um impacto negativo de R$631,4 milhões, antes de impostos, referente aos efeitos da Medida Provisória. Próximo trimestre esse efeito deve ser revertido em vista do fim do programa.

A dívida líquida/ EBITDA dos últimos 12 meses fechou o trimestre em 2,78x, contra 3,19 trimestre passado. Valores são bem controlados e devem se reduzir trimestres a frente.

“Neutro. A localiza conseguiu se aproveitar do programa do governo para expandir sua frota a um bom preço. Além disso, a companhia conseguiu manter sua geração de caixa praticamente estável em relação ao trimestre passado, mesmo sobre o momento mais desafiador. Acreditamos que seus resultados devem melhorar muito daqui para frente. Embora um bom resultado, o mercado já previa. Espero reação neutra.”

Itaúsa (ITSA4)

Na noite de ontem, após o fechamento do mercado, a Itaúsa divulgou seu resultado referente ao 2T23. Em termos financeiros, o resultado não traz muitas novidades, uma vez que o portfólio da holding é composto majoritariamente por empresas listadas que já haviam divulgado seus balanços.

Dentre os destaques, a companhia apresentou um lucro líquido recorrente de R$3,4 bilhões, um crescimento anual de 14,5%, sendo atribuído principalmente ao ganho de capital oriundo da alienação das ações da XP Inc. Ao realizarmos o ajuste isolando este efeito, o lucro líquido teria apresentado ligeiro crescimento de 0,9% para R$3,0 bilhões.

Com isso, a companhia entregou um ROE Recorrente Ajustado de 16,1%, cerca de 1,9 p.p. a menos do que no 2T22, estando atrelado a um crescimento de 13,9% no patrimônio líquido entre os períodos para R$76,9 bilhões.

Além disso, o Conselho de Administração aprovou uma subscrição de capital no valor de R$ 877 milhões (R$ 6,50/ação), considerando a posição acionária de 17/08/2023, com adesão entre 24/08/2023 e 22/09/2023 e liquidação em 02/10/2023. Dado o deságio relevante em relação ao preço de fechamento de ontem, R$9,56, recomendamos a participação no processo pelo limite máximo estipulado, aproximadamente 1,4% da posição.

“Neutro. Na nossa visão, o resultado não trouxe muitas novidades. Conforme apontado pela gestão há algum tempo, a preservação da estrutura de capital e a manutenção de níveis de liquidez adequados eram umas das principais metas deste ano para a holding.

Dessa forma, o desinvestimento estratégico na XP tem papel relevante neste aspecto. Assim sendo, a companhia reduziu seu payout em relação ao que temos como média histórica, mas incrementar a distribuição de proventos no médio e longo prazo, dada a consolidação do portfólio. Por fim, dada a composição mais concentrada do portfólio, perspectivas e nível de desconto da holding, ainda preferimos exposição direta as ações do Itaú em relação a Itaúsa.”

Raízen (RAIZ4)

Ontem a Raízen publicou seu resultado referente ao primeiro trimestre de 2023 (ano fiscal 2T23). Abaixo apresentamos a participação do EBITDA no trimestre e o aumento/diminuição de em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

No primeiro trimestre de 2023 da Raizen, ela obteve um EBITDA 11% menor contra o mesmo trimestre do ano passado. Renováveis (venda de etanol e energia elétrica) e mobilidade (distribuição de combustíveis contribuíram para queda, enquanto o Açúcar e corporações (ajuste e eliminações entre segmentos) compensaram a perda.

Renováveis. A baixa performance segue o menor ritmo de comercialização de etanol e os preços de mercado em níveis inferiores.

Açucar. O ATR desse ano veio abaixo da média dos últimos 4 anos. Isso demonstra que a cana colhida possuía menor densidade de açucares. O TCH veio acima da média, a maior desde 2020, Indicando que a quantidade de cana colhida é a recorde. O ATR por hectar que mostra a rentabilidade da companhia cresceu no maior patamar desde 2020.

Marketing e serviços. A dinâmica dos preços no país e o excesso de oferta de diesel e etanol hidratado resultaram em perda de competitividade e impacto nas posições de estoque. A oferta de diesel, especialmente da Rússia, com desconto sobre os preços praticados no país e em outros canais de importação, resultou em compressão de nossas margens. As quedas nos preços da gasolina anunciadas pela Petrobras também pressionaram os preços do etanol, gerando impactos adicionais nos estoques desses produtos. A margem EBITDA foi de R$ 59 m³, queda de 62,2% contra o mesmo trimestre do ano passado.

“Marginalmente positivo. Do lado negativo, a queda no preço do etanol internacionalmente e o ambiente de mercado desfavorável no segmento de distribuição de combusíveis prejudicaram seu resultado. Pelo lado positivo, a alta do preço do açúcar e ganhos de rentabilidade compensaram as perdas. O resultado veio melhor do que o esperado em seu EBITDA. Espero uma reação marginalmente positiva ao resultado.”

Magazine Luiza (MGLU3)

Apesar de um crescimento de 6% do GMV, a Magalu reportou uma receita flat de R$ 8,6 bilhões (0% A/A e -3% vs Consenso), enquanto apresentou um leve ganho de +0.2p.p na sua mg. bruta na comparação anual, para 28.8%, em razão do maior representatividade da prestação de serviços na receita.

O SG&A permaneceu estável em relação a receita líquida em 22.4%, porém o aumento de 78% das perdas em liquidação duvidosa para R$ 105 milhões levou a uma contração do EBITDA, que totalizou R$440mi (-11% A/A e -14% vs Consenso), com a mg. EBITDA caindo para 5.1% (-0.6p.p. A/A e -0.7p.p vs Consenso).

O resultado financeiro da companhia apresentou deterioração R$38mi A/A, para -R$532mi, de modo que a companhia apresentou um prejuízo líquido de R$199mi (em linha com o consenso).

“Neutro. A companhia apresentou um resultado misto, em linha com as estimativas do consenso, com recuperação marginal da lucratividade, porém uma deterioração da rentabilidade em razão de perdas em liquidação duvidosa e piora do resultado financeiro.”

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