Numa semana marcada pela baixa liquidez devido ao feriado na segunda-feira nos EUA e a na quinta-feira no Brasil, a curva de juros apresentou um movimento de steepening, com pequenas variações no segmento de curto e médio prazo e alta moderada no segmento de longo prazo. Sem maiores novidades no âmbito doméstico e com poucos indicadores econômicos divulgados, o mercado de DI futuro ficou mais atrelado ao cenário externo, com destaque para a alta dos yields das treasuries.
Na terça-feira, a curva de juros local se deslocou para cima, em resposta principalmente à elevação dos yields das treasuries, afetados pela alta do preço do petróleo (a Arábia Saudita e a Rússia estenderam os cortes da oferta de petróleo) e pelo calendário de forte volume de emissões corporativas. Por seu turno, ficaram em segundo plano os indicadores mais fracos da produção industrial de julho no Brasil.
No dia seguinte, o mercado de DI futuro iniciou o dia com um alívio discreto, beneficiando-se também da redução do volume ofertado de títulos prefixados no leilão do Tesouro. Porém, esse movimento só persistiu nos vencimentos mais curtos. A divulgação nos EUA de dados de ISM Serviços acima do esperado (maior ritmo de expansão desde fevereiro) levou a uma nova pressão altista das taxas das treasuries (a taxa de 2 anos fechou a 5,02%, apenas 6 bps abaixo da máxima do ano), contaminando a parte longa da curva doméstica. Na volta do feriado, na sexta-feira, as taxas de juros futuros apresentaram pequena queda, favorecidas pelo recuo dos yields das treasuries no dia anterior.
Vale notar que John Williams, do Fed NY, afirmou que a política monetária está em um “bom lugar”, mas continua a ser data dependent, e a curva no Reino Unido se moveu para baixo após uma pesquisa do BoE ter mostrando que as empresas da região esperam elevar preços no menor ritmo em quase dois anos.
Na semana, as taxas das treasuries de 2 e de 10 anos subiram, respectivamente, 11 e 8 bps. O mercado futuro de fed funds embute um aumento de 1,7 bp para a reunião de setembro, um total de 12 bps até novembro (ante 9,4 bps em 01/09 e indicando uma probabilidade de 48% de um ajuste adicional de 25 bps) e taxa efetiva de 5,44% ao término de 2023 (11 bps acima da taxa atual de 5,33%). O DXY avançou 0,8% e o BRL depreciou 0,7% (desempenho melhor do que as moedas pares, como MXN e ZAR). Por seu turno, o petróleo Brent subiu 2,4%.
Comparando os preços de ajuste do dia 08/09 com os de 01/09, as taxas dos DI jul24, jan26 e jan31 apresentaram variações de -3, 0 e 18 bps, respectivamente. Cabe apontar que esses dois primeiros vencimentos tiveram carregos negativos de 4 e 2 bps no período (considerados na conta). A curva de DI futuro precificava em torno de -51 bps na reunião do Copom de setembro, -54 bps na de novembro e -58 bps na de dezembro, com a meta Selic entre 11,50% e 11,75% no final do ano e em cerca de 9,50% no fechamento de 2024.
O objetivo deste relatório é apresentar simulações para a precificação da curva de juros de curto prazo sob diversos cenários para a trajetória da taxa Selic até a reunião de junho de 2024.
Utilizando os preços de 08/09 como base, são calculados, para cada vencimento (janeiro/24, abril/24 e julho/24), o que seria o CDI acumulado anualizado do período (“CDI estimado”), comparando-os às respectivas taxas de ajuste do DI futuro. Assim, busca-se identificar ganhos ou perdas potenciais de posições no segmento curto da curva (admitindo-se, vale frisar, prêmio de risco nulo).
*Sérgio Goldenstein é Estrategista-Chefe da Warren Rena
Comentários estão fechados.