Depois do anúncio da Americanas (AMER3), que pegou o mercado de surpresa, os analistas comentam como ficam as perspectivas para o setor.
Cauê Mançanares, CEO e sócio-fundador da Investo
“Em relação a descoberta de inconsistência contábil apresentada em comunicado aberto ao mercado feita pela Americanas, acredito que quando nos deparamos com uma informação desta, certamente haverá um sentimento de preocupação frente às incertezas que essa repercussão pode trazer para a empresa em si, pois são elas determinante para identificar o valor justo (em inglês, valuation) de uma empresa no mundo.
Acredito que entramos em um cenário em que ninguém sabe qual será o preço justo dessa ação que já sofreu forte queda. Por isso, o mercado, por meio do leilão na B3, dará como preço aceitável pelos acionistas para que novos investidores brasileiros possam fazer suas aplicações financeiras em ações da Americanas no Brasil. Importante destacar que acionistas como Beto Sicupira, investidor da Americanas há mais de 40 anos e sócio do Grupo 3G no Brasil, já demonstrou seu apoio à empresa no que se refere à essa recuperação de valor frente ao ocorrido.
Por fim, como CEO de uma gestora especializada em ETFs, reforço a importância da diversificação na carteira de investimentos. Ativos como o próprio ETF, que permite investir em uma cesta de produtos simultaneamente ao invés de, somente, um único ativo, é capaz de promover mais segurança e menos volatilidade em comparação aos investimentos individuais em ações ou demais produtos disponíveis na Bolsa”, explica o executivo.
Felipe Catão, CEO e sócio-fundador da plataforma de investimentos Guru
“O comunicado sobre as inconsistências contábeis encontradas no balanço da Americanas é bastante negativo para os papéis da empresa. É cedo para mensurar o real impacto no caixa da companhia, em razão da falta de informações detalhadas e precisas sobre o tema. Além disso, a renúncia do Sérgio Rial do cargo de CEO da Americanas piora a situação, porque a empresa já enfrentava desconfianças no mercado por conta da desaceleração do varejo eletrônico, em meio ao cenário de juros altos no Brasil, ou seja, a saída dele complica um pouco mais, porque ficará uma governança dispersa dentro da empresa. A maioria dos analistas das principais casas colocou recomendação para os papéis sob revisão, mas ainda é um cenário nebuloso”, explicou.
Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica Long Term FIA
“O rombo representa 1,9x o valor da empresa no mercado até ontem, grande o suficiente para quebrar a empresa, se não conseguirem levantar capital novo para resgatar o negócio. Para o mercado como um todo, fica o receio de se apenas as Lojas Americanas estavam adotando essa prática contábil condenável ou se podem surgir rombos de natureza semelhante em outras empresas. O maior problema é que esse tipo de erro contábil é muito difícil de detectar. Se os demonstrativos financeiros não são preparados da maneira com que deveriam, só quem está vendo a empresa por dentro é que tem informações suficientes para identificar a má conduta” comenta Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica Long Term FIA.
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