As manifestações do feriado de * 7 de setembro, convocadas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), tiveram pouco a ver com o Bicentenário da Independência do Brasil.
Em Brasília (DF), no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP), apoiadores do atual governo se reuniram e transformaram a data comemorativa em atos de apoio a Bolsonaro, que aproveitou o embalo para discursar em tom de campanha eleitoral.
Bastante diferentes do 7 de setembro de 2021 – que ficou marcado por uma escalada de tensão entre o Judiciário e o Executivo, após duros discursos proferidos pelo próprio presidente –, as manifestações deste ano tiveram claro enfoque eleitoral e focaram suas críticas ao PT, ao ex-presidente Lula (PT) e – em tom muito mais comedido, por meio de vaias – ao Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro chegou a, explicitamente, pedir votos para a reeleição – algo proibido pela Lei Eleitoral – e convocou seus apoiadores para a realização de esforços visando virar votos de eleitores de candidatos adversários. As manifestações tiveram a presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do vice candidato à Presidência, o ex-ministro Walter Braga Netto, e uma série de apoiadores da campanha pela reeleição – como o empresário Luciano Hang, o pastor Silas Malafaia, a deputada federal Carla Zambelli (PL), entre outros.
Em função das manifestações, a coligação adversária, do ex-presidente Lula, deve acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o atual presidente, acusando-o de abuso de poder econômico e político – improbidades que constam na Lei das Eleições.
Na mesma esteira, o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma apuração sobre eventual uso do desfile da Independência como ato político-partidário.
Ambos os processos, no entanto, não devem acarretar nenhum prejuízo a Bolsonaro e sua campanha.
Os atos em apoio ao governo contaram com significativa presença de manifestantes, respectivamente, na Esplanada dos Ministérios, na Avenida Paulista e em Copacabana.
O comparecimento em grande número de apoiadores de Bolsonaro deve reforçar o discurso da campanha contra os atuais resultadosde diferentes pesquisas de intenção de voto.
Ainda, conforme havíamos previsto, não houve o mesmo ímpeto nos ataques contra outras instituições e os eventos ficaram muito mais restritos ao foco da reeleição do presidente. Nesse sentido, não houve nenhuma escalada de tensão e os mercados, nesta volta do feriado, devem registrar algum otimismo – refletindo o alívio com os atos do 7 de setembro.
*Análise da Levante Investimentos