Em apenas três meses, de setembro a dezembro deste ano, saltou oito vezes, de 60 mil para 500 mil, a quantidade mensal de negócios na Bolsa brasileira com papéis que representam ações de empresas estrangeiras como Amazon, Google, Tesla, etc. São os famosos BDRs (Brazilian Depositary Receipts), certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, mas negociados na B3. Um levantamento da Economática mostrou também que o volume financeiro médio diário de BDRs cresceu oito vezes em dezembro (R$ 274,4 mil) na comparação com o mesmo mês (R$ 34,3 milhões) de 2019.
Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, um dos fatores principais que contribuíram para esse crescimento foi a democratização dos investidores. Antes de setembro do ano passado, somente investidores qualificados com certificação ou mais de R$ 1 milhão poderiam investir nas BDRs e comprar papéis por meio de corretoras fora do país. Agora, a compra é permitida para qualquer investidor.
BDRs
Outro fator que contribui para o maior interesse em BDRs é a taxa de juros baixa e o fato de, naturalmente, os investidores brasileiros gostarem de comprar ações de empresas com as quais tenham uma relação de consumidor. “A gente consome Netflix, Amazon, Apple. Apesar de sediadas em outro país, a assimilação dessas marcas é maior até do que algumas empresas brasileiras. Essa familiaridade dá um conforto para o investidor se tornar sócio daquela empresa. São marcas admiradas e que além de consumidores possui fãs. Um fã dessas empresas não quer somente consumir os produtos e serviços. Querem se tornar sócios.”, explica.
Em relação ao câmbio, é importante que o investidor saiba que o dólar geralmente anda na direção oposta da bolsa brasileira: “O dólar tem uma característica de correlação negativa com a bolsa. Quando a bolsa cai no Brasil, o dólar sobe, o que é uma forma de dar uma suavizada nos retornos da carteira de ações. Para o investidor brasileiro, é interessante ter BDRs em mente porque, já que está arrojando a carteira, precisa colocar outros ativos na direção contrária caso as ações brasileiras caiam”, comenta.
Tributação
Além disso, é preciso ficar atento à tributação diferente nessa classe de ativo:”BDRs não contam com a isenção de vendas abaixo dos R$ 20 mil, assim como os dividendos são tributados pela tabela progressiva”.
Para quem está começando a investir em BDRs, o economista aconselha que o investidor saiba diversificar. “Não pode ter só BDRs na carteira. É preciso diversificar, começar com ações brasileiras e fazer combinação com BDRs. A palavra é diversificar, sem pressa. Para os investidores que estão inseguros, vale fazer o investimento de forma amortizada”, diz.
Ações
Ainda segundo Beck, as ações que têm sede nos EUA, diferentemente das brasileiras, são empresas globais. Atendem ao mundo todo e não somente ao país de sede. “Logo, investindo em empresas americanas, você não está somente se expondo ao país americano e sim ao resto do mundo. É uma diversificação ainda mais interessante”, diz.
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