MODAL: BoE, FOMC e os juros

Taxas subiram em 0,75% pelas duas instituições

O Comitê de Política Monetária do Banco Central da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) aumentou a taxa de juros em 75bps para 3,00%. Apesar dos cenários desfavoráveis traçados pela autarquia, o MPC alertou que a taxa de juros terminal pode ficar abaixo dos 5,25% a.a. esperados pelo mercado.

Como esperado, o Comitê Federal de Mercado Aberto, FOMC, Federal Reserve, subiu a taxa de juros em 75bps pela quarta vez consecutiva. Em nossa visão, tanto o statement quanto a conferência de imprensa deixam a porta aberta para uma redução do ritmo de altas para 50bps em dezembro.

BOE:

O Comitê de Política Monetária do Banco Central da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) aumentou a taxa de juros em 75bps para 3,00 % a.a., conforme esperado pelo mercado. O MPC (Comitê de Política Monetária) adicionou que a taxa de juros terminal pode ficar abaixo do atualmente precificado pelo mercado (~5,25% a.a.) Destaca-se que houve dois dissidentes na decisão de hoje.

Silvana Tenreyro votou a favor de uma alta de 50bps enquanto Swati Dhingra a favor de 25bps. O MPC antecipa que novas altas podem ser necessárias.

O BOE atualizou suas projeções e cenários. Em um cenário baseado na trajetória de juros precificada pelo mercado, espera-se que o PIB continue caindo ao longo de 2023 até o primeiro semestre de 2024. Em relação ao CPI, o topo de 11% seria atingido no último trimestre de 2022 e começaria a cair a partir do início de 2023, principalmente por conta do efeito base nos preços de energia. Ainda assim, as pressões inflacionárias domésticas devem permanecer nos próximos trimestre, até que o CPI caia abaixo da meta de 2% dentro dos próximos dois anos.

Também foi concebido um cenário alternativo, com juros constantes em 3% a.a. Nele, a atividade seria mais forte, mas seguiria caindo até o fim de 2023. Já a inflação, permaneceria acima da meta até o fim do segundo ano de projeção, caindo para abaixo da meta ao final do terceiro ano.

Apesar dos cenários desfavoráveis traçados pela autarquia, o MPC alertou que a taxa de juros terminal pode ficar abaixo dos 5,25% a.a. esperados pelo mercado. Nesse sentido, vale citar a frase de Andrew Bailey, governor do BOE: “o comitê não seguirá um caminho que acreditamos deixar a inflação muito abaixo da meta”. Mais tarde, complementou dizendo que o comitê estabelecerá o nível de juros para devolver a inflação à meta de 2% de forma sustentável, evitando volatilidade indesejável no processo.

Vale ressaltar que os cenários foram baseados nos anúncios governamentais de 17 de outubro, portanto, não leva em consideração os planos do primeiro-ministro Rishi Sunak, anunciados mais tarde no mês.

Após a pausa no dia 27 de setembro, devido à disfuncionalidades do mercado, o banco central retomou o programa de vendas de títulos do governo no dia 25 de outubro. Até o dia 2 de novembro, o estoque total de títulos era de £855 bilhões. Em relação aos GILTS, a primeira operação se deu no dia primeiro de novembro, no valor de £750 milhões.

FOMC

Como esperado, o FOMC subiu a taxa de juros em 75bps pela quarta vez consecutiva. Em nossa visão, tanto o statement quanto a conferência de imprensa deixam a porta aberta para uma redução do ritmo de altas para 50bps em dezembro.

No comunicado, o FOMC manteve inalterada sua perspectiva acerca da inflação e da atividade. Como novidade, o comitê antecipou que levará em consideração o aperto já feito na política monetária, ficará atento as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e irá monitorar as condições econômicas e financeiras.

Durante a conferência de imprensa, o chairman Jerome Powell deixou claro que os dados de inflação e do mercado de trabalho sugerem que a taxa terminal deverá ir além da expectativa anterior. Apesar de deixar em aberto a discussão de diminuição do ritmo, Powell ressalta que ainda há um caminho a ser percorrido.

A reação do mercado foi condizente com nossas expectativas. A precificação de uma alta de 50bps em dezembro aumentou (em detrimento de uma alta de 75bps) ao mesmo tempo em que cresceram as chances de uma taxa terminal acima de 5,00% a.a. em março de 2023.

Mantemos nossa expectativa de redução do ritmo de altas para 50bps em dezembro (salvo por uma leitura significativamente desfavorável do mercado de trabalho no ínterim de reuniões), finalizando 2022 em 4,25%-4,50%.

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