A renda variável foi o destaque do mercado de capitais em 2020: os IPOs (ofertas iniciais de ações) passaram de R$ 10,2 bilhões em 2019 para R$ 45,3 bilhões no ano passado, o que corresponde a um aumento de 344,2%.
De acordo com a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o montante é o maior desde o boom de ofertas iniciais em 2007. O número de operações também cresceu: foi de 5 para 27 negócios, na mesma base de comparação.
“O mercado de ações se manteve aquecido no segundo semestre de 2020. Apesar do impacto da pandemia, o resultado positivo nos IPOs reflete a melhora dos aspectos estruturais do mercado, como juros baixos e os investidores diversificando as carteiras”, explica José Eduardo Laloni, vice-presidente da ANBIMA.
IPOs: follow-ons
Já os follow-ons (ofertas subsequentes de ações) tiveram queda de 7,3%: o volume foi de R$ 79,8 bilhões, em 2019, para R$ 74,0 bilhões, em 2020, e as operações caíram de 37 para 25. Os fundos de investimentos detiveram a maior parte das ações nas ofertas públicas com praticamente a mesma participação de 2019 (43,0%), seguidos dos investidores estrangeiros com 34,1%.
Geral
Considerando as operações com todos os tipos de títulos, as emissões somaram R$ 369,8 bilhões no acumulado do ano, uma redução de 14,5% em relação a 2019. “A queda se dá pelo período de incertezas trazido pela pandemia no primeiro semestre.
O movimento de recuperação foi notado a partir de setembro, o que viabilizou o recorde de IPOs, e se intensificou em dezembro, o que dá uma perspectiva positiva para 2021″, avalia Laloni. O resultado mensal de dezembro (R$ 63,7 bilhões) é o maior desde outubro de 2010, período em que ocorreu uma oferta de ações da Petrobras no volume de R$ 120,2 bilhões.
Debêntures
Em 2020, os títulos corporativos de dívida apresentaram a primeira queda no volume desde 2015. As emissões tiveram retração de 33,9%, de R$ 184,7 bilhões em 2019 para R$ 122,1 bilhões no ano passado. Deste volume, 67,1% foi destinado para capital de giro, refinanciamento de passivos e resgate de debêntures da emissão anterior.
As debêntures incentivadas, emitidas sob a Lei 12.431 e com isenção de imposto para pessoa física, tiveram recuo de 17,8% em relação ao ano anterior, de R$ 33,8 bilhões para R$ 27,8 bilhões, acompanhadas de redução no número de operações de 76 para 46 negócios.
Compradores
Entre os compradores dos papéis, houve crescimento das instituições financeiras e demais ligadas à oferta, que passaram de R$ 40,6% para 64,5%, enquanto os fundos de investimento reduziram sua participação de R$ 48,8% para 23,4% do total ofertado.
“O aumento da participação dos bancos comprando debêntures em oferta pública é um movimento que teve início no final de 2019 e que foi intensificado diante do momento de dúvida trazido pela pandemia. Entretanto, vale destacar que a demanda do mercado, principalmente pelos fundos de investimento, voltou aos poucos no segundo semestre do ano”, analisa Laloni.
Outros produtos
As emissões de fundos imobiliários bateram recorde em 2020, com R$ 44,1 bilhões frente a R$ 41,4 bilhões no ano anterior. “O resultado mostra que o segmento imobiliário se manteve na trajetória de recuperação iniciada em 2019”, comenta Laloni. As pessoas físicas são os principais compradores desses ativos, detendo 41,9% do total disponível, seguidos pelos fundos de investimentos com 28,1%.
Os CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) também alcançaram maior volume da série histórica, com R$ 15,0 bilhões em 2020. O resultado reflete alta de 20,1% frente aos R$ 12,5 bilhões de 2019.
Outros produtos
Os demais produtos tiveram quedas de volume na mesma base de comparação. Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) foram de R$ 17,2 bilhões para R$ 14,5 bilhões; as notas promissórias de R$ 36,6 bilhões para 21,9 bilhões; e os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) de R$ 40,2 bilhões para R$ 32,1 bilhões.
Mercado externo
Em 2020, o mercado externo registrou 32 operações, o mesmo que em 2019, mas com alta de 6,1% no volume acumulado, que cresceu de US$ 24,5 bilhões para US$ 25,8 bilhões. Os bonds correspondem por 94,5% do montante, seguidas das operações com ADRs (american depositary receipts, ou recibos de depósitos de ações) com 5,5%.
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