IPCA pode impactar os investimentos?

Investidores mais arrojados devem estar atentos a oportunidades

O IPCA pode impactar os investimentos? A inflação de novembro medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,28%, alta de 0,04 ponto percentual em relação à taxa registrada em outubro (0,24%). A pesquisa é do IBGE e foi divulgada hoje.

Com essa variação, o impulso veio através dos preços do grupo de alimentos e bebidas. No acumulado do ano, a inflação oficial apresenta um aumento de 4,04%, enquanto nos últimos 12 meses, a elevação é de 4,68%, ficando abaixo dos 4,82% observados no período imediatamente anterior de 12 meses. Em novembro de 2022, a variação tinha sido de 0,41%.

De acordo com o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, este é um dos indicadores mais importantes da economia brasileira. “Do lado do investidor, a questão é saber qual o impacto do IPCA na performance dos investimentos”, ressalta.

Qual o impacto do IPCA nos investimentos?

O especialista lembra que o IPCA é um indicador que mede a variação média dos preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos. Ele é frequentemente utilizado como referência para a inflação no Brasil. “O impacto do IPCA na performance dos investimentos ocorre principalmente por meio da correção dos valores pela inflação”, frisa.

E diz mais: “quando se avalia o rendimento de um investimento, é importante considerar o efeito da inflação, pois ela reduz o poder de compra ao longo do tempo. Existem investimentos que buscam superar a inflação, enquanto outros podem ter rendimentos nominais que não acompanham totalmente o aumento dos preços.”

A título de exemplo, Eyng pede para considerar dois cenários básicos:

Investimentos que superam a inflação

“Se um investimento tem um rendimento real positivo (rendimento nominal menos a taxa de inflação), os investidores conseguem preservar ou aumentar seu poder de compra ao longo do tempo. Por exemplo, se um investimento tem um rendimento de 8% ao ano e a inflação é de 4%, o rendimento real seria de 4%, o que significa que o investidor está ganhando 4% acima da inflação”.

Investimentos que não superam a inflação

“Se um investimento tem um rendimento nominal inferior à taxa de inflação, os investidores podem experimentar uma perda de poder de compra. Por exemplo, se um investimento tem um rendimento de 3% ao ano e a inflação é de 4%, o rendimento real seria de -1%, o que indica uma perda real de poder de compra”.

O executivo elenca que investimentos mais conservadores, como alguns títulos de renda fixa, podem oferecer proteção contra a inflação, mas nem sempre superam significativamente essa taxa. Já investimentos de maior risco, como ações, podem ter um potencial maior de superar a inflação a longo prazo, mas também estão sujeitos a maior volatilidade.

“Em resumo, entender o impacto do IPCA na performance dos investimentos envolve avaliar não apenas os rendimentos nominais, mas também os rendimentos reais, levando em conta a inflação. A diversificação da carteira e a escolha de investimentos que considerem a preservação do poder de compra ao longo do tempo são aspectos importantes na construção de uma estratégia de investimentos”, conclui.

Recomendações

A gestora Equus recomenda que os investidores busquem títulos de renda fixa pré-fixada quando a inflação e as taxas de juros estão próximas do pico, enquanto optam por títulos pós-fixados quando percebem uma situação contrária. “Quando se trata das projeções futuras do IPCA, os investidores podem ajustar suas carteiras para preservar o poder de compra e maximizar retornos. Algumas classes de ativos podem ser mais resilientes em face dessas variações”, destaca.

E acrescenta: “apesar da recente queda nas taxas de juros brasileiras, ainda é possível adquirir títulos do tesouro direto com vencimentos a partir de 2035, oferecendo um juro real (taxa do título – IPCA) superior a 5,5% ao ano. Esse retorno é atrativo e pode fazer sentido em muitas carteiras de investimentos. No entanto, dada a tendência de queda das taxas de juros, impulsionada pelo controle da inflação, investidores mais arrojados devem estar atentos a oportunidades em ativos como ações, infraestrutura e empresas privadas, que podem se beneficiar desse movimento.”

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