A inadimplência em Fidcs atinge o recorde de 15,68%. Para o investidor pessoa-física, é difícil entender exatamente como está o comportamento do mercado e se este, está mais ou menos arriscado de ser investido como, por exemplo, nos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), que se enquadram no universo de fundos que alocam seus recursos em crédito privado e oferecem a possibilidade de retornos potencialmente mais elevados em comparação a outras classes de ativos.
Porém, agora, com o novo Índice Multiplike de Devedores IMD, que demonstra o total de títulos vencidos dentro da carteira de direitos creditórios da indústria dos FIDCs Multicedente/ multissacado, o investidor terá maior percepção do mercado. Vale ressaltar que, direitos creditórios, são títulos de crédito compostos majoritariamente, por duplicatas, contratos e cheques que representam valores a serem recebidos no futuro e que são cedidos aos FIDCs.
Com dados públicos extraídos da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, o IMD avalia dentro do universo de multisacados e multicedentes, fundos com patrimônio líquido acima de R$ 10 milhões. Além do percentual de inadimplência em relação a carteira de crédito, o IMD também faz a separação por faixa de tempo, ou seja, a quantos dias os títulos estão vencidos.
Vale destacar a importância de os credores agirem prontamente para lidar com a inadimplência e tentar recuperar o crédito. Quanto mais tempo passa, menor é a probabilidade de recuperação integral do valor devido, principalmente devido à deterioração da situação financeira do devedor e acúmulo de outros compromissos financeiros, além das mudanças nas circunstâncias que tornam a cobrança mais complexa e desafiadora para o credor.
“O IMD coloca luz sobre o mercado de crédito no universo dos FIDCs multicedente/ multissacado. Não importa se um único fundo apresentou uma performance surpreendente ou se está enfrentando dificuldades de liquidez ou default. Nosso índice mostra de forma macro e precisa, o que está acontecendo no cenário como um todo, e isso traz segurança para a tomada de decisão do investidor e demais players”, ressalta Eyng.
Neste segundo relatório, ao olhar para o período histórico é possível avaliar que outubro apresentou a maior alta desde janeiro de 2022, atingindo 15,68%, um aumento expressivo de 13,21% em relação ao mês anterior. “Nesse momento, não há nenhum problema maior. A redução da inadimplência da pessoa jurídica demora um pouco mais a ocorrer depois que a Selic diminui. O mercado ainda está precificando as cessões realizadas anteriormente, onde as taxas de juros contratadas eram significativamente mais altas, o que acaba influenciando os pagamentos e as finanças dos devedores, à medida em que esses valores vencem”, explica.
O IMD também mostra o cenário de curto, médio e longo prazo da inadimplência. O percentual sobre o total de títulos vencidos até 30 dias, também mostrou um aumento de setembro para outubro, saindo de 29,45% para 34,12%. Entretanto, para os títulos vencidos entre 180 e 360 dias, quando a recuperação do crédito já fica mais difícil, ocorreu uma ligeira queda, saindo de 22,28%, para 21,25%. “Esses números mostram claramente que o cenário ainda requer cautela, por mais que estejamos num momento de redução da SELIC, em que a queda favorece os tomadores de crédito, uma vez que o mesmo se torna mais acessível e menos oneroso”, ressalta Eyng.
O mercado ainda está precificando as cessões realizadas anteriormente, onde as taxas de juros contratadas eram significativamente mais altas, o que acaba influenciando os pagamentos e as finanças dos devedores, a medida em que esses valores vencerem. “Por isso, mais do que nunca, uma boa análise por parte do investidor que já investe ou deseja iniciar suas aplicações em veículos de créditos é essencial para o momento”, avalia
Somados os PLs dos fundos analisados, o montante é de R$ 40,3 bilhões em outubro, deste total, R$ 38,8 bilhões são direitos creditórios, ou seja, quase o total. Deste total, R$ 6,09 bilhões não foram honrados pelos tomadores de crédito em sua data original de liquidação.
O IMD é o mais preciso termômetro do mercado de FIDCs multicedente – multissacado, entretanto, como em toda a análise de investimento, nunca se deve analisar apenas um item isolado. Além da inadimplência, outros fatores essenciais podem ser verificados, como o histórico de rentabilidade do fundo e o índice de subordinação do FIDC, que é caracterizado por cotas que estão sujeitas a riscos mais elevados em comparação às cotas sêniores, ou seja, em caso de perdas ou inadimplência nos ativos subjacentes do fundo (os direitos creditórios), as cotas subordinadas absorverão essas perdas antes das cotas sêniores.
Como as cotas subordinadas júniores são as primeiras afetadas por perdas, o investidor deve observar também o histórico de rentabilidade dessa cota, visto que, quando positivas, refletem a manutenção dos níveis de proteção aos cotistas superiores.
“A Multiplike, por exemplo, possui atualmente 48,4% de subordinação para as cotas sêniores em seus fundos e mantém uma média histórica superior a 3% a.m de rentabilidade na cota subordinada júnior. Além disso, nos últimos 12 meses entregou 128,06% do CDI para os cotistas sêniores e 140,98% do CDI para os cotistas subordinados mezaninos”, avalia Volnei.
A inadimplência (carteira de direitos creditórios em atraso) está em 2,17% e, deste percentual, 98,53% são de títulos vencidos há menos de 30 dias, o que representa um risco muito menor em relação à média do mercado. “Nós conseguimos isso, porque investimos muito em tecnologia e pessoas qualificadas, além do nosso histórico de mercado”, finaliza Volnei.