Dólar na mínima pode ser temporário: analistas citam ano eleitoral

Moeda estava cotada para a venda aos R$4,764

O dólar vem operando em taxas muito baixas nos últimos dias, um patamar que muitos desacreditavam, ou seja, longe da banda psicológica dos R$5,00. Esses pisos rompidos são apontados pelos analistas por dois fatores: realização de lucros ou zeragem de posições, além da venda do fluxo diário.

Hoje, por exemplo, a moeda bateu os R$4,757 perto do meio dia e segue nesse nível. “Talvez a gente veja o mercado testando o piso dos R$ 4,50, mas a moeda poderá voltar para os R$ 5,00. Tudo é possível em ano eleitoral”, disse o gerente de câmbio da Treviso Investimentos, Reginaldo Galhardo.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, faz a leitura tomando avaliando a cadeia de produção e os produtos industrializados.

“Avaliando essa questão do dólar para a inflação, apesar de estarmos num momento favorável para a taxa de câmbio, R$4,80, isso deveria beneficiar, principalmente, os preços industrializados que têm impacto na cadeia de produção e pelo fato de importarmos bastante insumos”, destacou.

Mas, segundo a economista, o que vem acontecendo é que não deve ocorrer um arrefecimento nos preços industrializados no IPCA para esse grupo. “O fato de que apesar de ter a questão da taxa de câmbio, ainda existe um problema na cadeia de suprimentos. Com isso, os preços seguem elevados”, explicou.

Diante desse cenário, ainda não é esperada uma normalização no curto prazo, ou seja, deve demorar um pouco mais de tempo porque os preços dos industrializados estão sob pressão. Com isso, as expectativas são de que esses preços fechem o ano valorizados entre 6% e 7%, mesmo com a manutenção da taxa de câmbio no patamar atual.

Apesar desse momento do câmbio, segundo Abdelmalack, isso não deve ser uma tendência para o real e não deve se sustentar até o final do ano. “Mesmo que as projeções do Boletim Focus tenham melhorado nos últimos meses saindo de um patamar de R$5,60 para R$5,30, essa taxa em R$5,30 ainda é superior ao que estamos vendo nas últimas semanas. Esse é o contexto que a gente tem que levar, já que a cadeia de abastecimento ainda não foi normalizada”, concluiu.

Nesta sexta-feira, no interbancário, o dólar está operando em queda livre. Há pouco, a moeda estava cotada para a venda aos R$4,764, queda de 1,40%, e dando sinais de fechamento com desvalorização pelo 8º pregão consecutivo.

De acordo com outros analistas do mercado cambial, a puxada da divisa americana poderá ocorrer no início do segundo semestre com o período eleitoral. ” É um comportamento que já acompanhamos em outros anos, ou seja, o estresse em bolsa e no dólar”, completou Galhardo.

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