Calor e atenção nos reservatórios 

Influência do fenômeno poderá ser sentida até o fim do primeiro trimestre de 2024

O El Niño provoca no Brasil efeitos diversos em cada região. No Norte e Nordeste, por exemplo, se observa uma forte seca, enquanto, no Sul, abundância de água, além do aumento de temperatura que bateu recordes em diversas capitais. Em São Paulo, a temperatura permaneceu acima de 37° nos últimos dias e espera-se que permanecerá assim nos próximos. Em Cuiabá, observou-se a maior temperatura dentre as capitais. Os termômetros bateram 42°, no último dia 15.

A influência do fenômeno nas condições climáticas e meteorológicas poderão ser sentidas até o fim do primeiro trimestre de 2024, alcançando seu pico em dezembro de 2023 e início de 2024.

Esta grande diferença de disponibilidade hídrica entre as regiões impõe ao sistema elétrico brasileiro grandes desafios na transmissão e geração, visto que grande parte de sua geração é hidrelétrica e os reservatórios perderam parte de sua capacidade de equilibrar geração e demanda. A seca no Norte e Nordeste faz com que as restrições operativas das hidrelétricas aumentem, para garantir a disponibilidade de água para a população e agricultura.

“Em 2010, estar com o nível dos reservatórios como hoje, com 62%, significava 3 meses e meio de consumo médio armazenados. Hoje, significa 2 meses e meio”, afirma  especialista em energia da Equus Capital, Pedro Coletta.

Na transmissão, os efeitos se devem às altas temperaturas, que elevam as perdas nos transformadores e linhas de transmissão, bem como na diminuição da capacidade de transportar energia das linhas, impondo assim maiores restrições operacionais.

“A grande sensibilidade do preço de energia ao aumento de carga nos dias mais quentes, após meses colado no piso, demonstra a fragilidade do equilíbrio entre geração e oferta, apontando para a necessidade de expansão do sistema de geração”, ressalta Coletta.

No início do ano, noticiou-se exaustivamente que, o Brasil, possuía uma sobreoferta de energia, mas nos momentos em que a sociedade necessitou aumentar sua demanda de energia, devido às altas temperaturas, o Operador Nacional do Sistema (ONS) recorreu às térmicas para suprir a demanda, elevando o preço da energia.

“Esta contradição entre sobreoferta nos reservatórios e preços altos durante os dias de maior carga, indica que essa sobreoferta hídrica na prática não está tão disponível quanto pensava-se. É necessário continuar investindo em mais geração renovável e aumentar as linhas de transmissão, que nos dão a vantagem de zerar déficits e superávits locais, levando energia de Norte a Sul do Brasil, aproveitando em sua totalidade todo nosso potencial de energia renovável e barata”, finaliza Coletta.

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