Depois da sequência das alta da taxa de juros, que já completou um ano, saindo de 2% para 11,75%, o mercado financeiro vê com mais atenção os investimentos. Segundo as projeções do Grupo Macroeconômico da ANBIMA, as subidas devem se manter até junho diante da pressão inflacionária. Além disso, a interrupção das cadeias de produção, as incertezas fiscais e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia também pesam.
Ofertas públicas (dados até fevereiro de 2022)
Houve grande concentração nos instrumentos de renda fixa, sobretudo as debêntures. Elas representaram 43% das captações do mercado de capitais no período, o que corresponde a um volume de R$ 266 bilhões. Em seguida, destacam-se as captações de Fundos de Investimento com Direitos Creditórios – FIDCs com R$ 89 bilhões. Na renda variável, IPOs (Ofertas Públicas Iniciais de Ações, na sigla em português), e follow-ons (ofertas subsequentes dos papéis) responderam por R$ 61 bilhões e R$ 64 bilhões, respectivamente.
A participação dos ativos de renda fixa representou 70,5% do total das captações em fevereiro contra 55% em março de 2021, no início do ciclo de alta dos juros.
“O aumento da demanda dos fundos de investimento nas ofertas primárias destes ativos, na comparação ao período anterior à alta da Selic, indica um ambiente favorável à alocação destes papéis nas carteiras dos investidores”, explica o vice-presidente da ANBIMA, José Eduardo Laloni.
Somente em debêntures, a parcela alocada para as carteiras dos fundos de investimento subiu 19%, em janeiro e fevereiro do ano passado, para 34% no mesmo período de 2022.
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Títulos públicos (março de 2021 a março de 2022)
A maior valorização entre os títulos públicos ficou com os ativos atrelados à taxa de juros diária — no caso, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) –, refletidos no subíndice IMA-S.
Os títulos públicos de prazos mais longos apresentaram perda de rentabilidade diante da deterioração e da incerteza das expectativas inflacionárias — confira na tabela a seguir. Esses papéis são retratados no subíndice IRFM 1+ para aqueles pré-fixados com prazo maior de um ano e no IMA B5+ para as NTN-Bs acima de cinco anos. As quedas foram mais intensas em setembro, quando o Banco Central elevou o ritmo de aumento da taxa de juros de 0,75 pontos percentuais para 1,0 ponto percentual.
“As rentabilidades diárias são bons indicativos desta percepção. Durante o ciclo de alta dos juros, elas passaram cerca de mais de 50% dos dias negativas, tanto nos pré-fixados quanto nas NTN-Bs longas”, conta Marcelo Cidade, economista da ANBIMA.
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