ANÁLISE: Rumos da GetNinjas (NINJ3)

Decisões pesaram nas ações na última sexta-feira

*Ocorre, nesta segunda-feira (23), a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que deve
definir a situação atual da GetNinjas (NINJ3)– companhia que se tornou o epicentro de
uma disputa societária envolvendo seu fundador e CEO, Eduardo L’Hotellier, e a gestora
Reag, liderada por João Carlos Mansur. Esta contenda pode impactar substancialmente
o destino da empresa e o valor de suas ações.

IPO e a sequência

A GetNinjas realizou sua abertura de capital em maio de 2021, no auge de uma série de
46 IPOs na B3, o mercado de ações brasileiro. Naquela época, as empresas de alto
crescimento, especialmente aplicativos e plataformas de comércio eletrônico, estavam
em alta devido ao boom inicial da pandemia. A empresa foi avaliada em R$ 1 bilhão
durante a oferta pública inicial, mas o cenário mudou consideravelmente desde então.

A disputa atual gira em torno da redução de capital proposta pelo CEO L’Hotellier. Esta
medida, que envolve a devolução de R$ 220 milhões dos R$ 270 milhões em caixa,
equivalendo a R$ 4,40 por ação, gerou controvérsia entre os acionistas.

A Reag Investimentos, agora a maior acionista da GetNinjas, adquirindo mais de 25% das ações, busca destituir o conselho de administração e impedir a redução de capital. Em vez disso, a Reag pretende utilizar o caixa para aquisições, de acordo com o que estava previsto no prospecto do IPO, mas não se concretizou devido ao aumento das taxas de juros.

O cronograma da situação é um elemento de incerteza, já que a Reag afirma que a
Oferta Pública de Aquisição (OPA) ocorrerá antes da devolução do capital. Isso levanta
perguntas sobre como as etapas subsequentes se desenvolverão, uma vez que há
prazos legais e rituais a serem seguidos.

Como resultado dessa disputa, as ações da GetNinjas sofreram uma desvalorização
substancial, fechando a R$4,41 na última sexta-feira, muito abaixo do preço de IPO de
R$20. A devolução do capital e a possível OPA têm implicações diretas na avaliação
atual das ações.

A situação ilustra uma tensão entre a gestão da empresa e os acionistas majoritários
sobre a melhor estratégia para utilizar os recursos da empresa, alavancando seu
crescimento e valorização no mercado de capitais.

Vale destacar que a Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6404/76) é um fator crítico na
análise deste caso, pois a disparidade entre o valor patrimonial da empresa e sua
avaliação de mercado pode criar obstáculos para movimentos de fusão e aquisição
devido ao risco de contestações por acionistas minoritários, que, aparentemente, tem
sido um dos objetivos do atual CEO da empresa.

As estratégias conflitantes entre o CEO e a Reag destacam a importância de manter o
caixa elevado para viabilizar um novo plano de negócios, segundo a estratégia da
gestora para as operações de M & A e para, consequentemente, elevar sua influência
na empresa.

A situação atual da GetNinjas é complexa e permeada por incertezas, com impacto
significativo nas perspectivas da empresa e na confiança dos investidores. A resolução
dessa disputa societária será decisiva para o futuro da GetNinjas, sendo um importante
marco na história do mercado de capitais brasileiro. Enxergamos, no entanto, que tal
embate, em caso de êxito da REAG, deve fomentar o mercado, considerando que o
atual cenário macroeconômico vem se aquecendo quanto às operações de M&A.

*Análise da equipe da Levante Investimentos

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