ANÁLISE: IPCA-15 e o avanço

IPCA-15 de março veio acima da nossa expectativa e da mediana do mercado, com variação de 0,95% no mês. (Modal: 0,85%, mercado: 0,85%).

Na medida em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 10,79%, aceleração frente aos 10,76% registrados em fevereiro.

Comentário:

O IPCA-15 de março ficou acima da nossa expectativa, avançando 0,95% (Modal: 0,85%, mercado: 0,85%), após subir 0,99% em fevereiro. Em 12 meses, o índice acumula alta de 10,79%.

Pelos grupos, a maior diferença em relação à nossa projeção ocorreu em Saúde e Cuidados Pessoais (dif. 11bps), em função da alta de 12,84% no preço de perfumes.

Somente este subitem contribuiu com 12bps para o headline, mostrando mais um mês de volatilidade expressiva no seu preço. No grupo Alimentação e Bebidas (dif. 9bps), as altas em tubérculos, raízes e legumes e frutas foram mais forte do que a esperada. Do lado negativo, Transportes (dif. -6bps) foi influenciado por uma queda maior do que a projetada em passagens aéreas e variação mais branda no preço de automóveis novos e usados, sendo parcialmente compensados pela dinâmica mais forte nos combustíveis.

Em termos de contribuição, destacamos mais um mês de alta relevante no grupo Artigos de Residência, puxado pela variação no preço de móveis e eletrodomésticos. Enquanto isso, Habitação foi impactado pela alta no preço de reparos e gás de botijão.

Pelas aberturas, os preços administrados subiram 0,65% e os livres variaram 1,33%. Destes, observa-se alta de 2,51% em alimentos em domicílio, 0,31% em serviços e 1,26% em industriais. Nas medidas subjacentes, serviços variaram 0,58% e industriais variaram impressionantes 1,76%.

É relevante destacar que o corte de 25% realizado no IPI no final de fevereiro ainda não manifestou efeitos visíveis sobre os preços de bens industriais, que seguem prejudicados por elevações de custos e gargalos globais de produção. A alta expressiva nos itens subjacentes, menos influenciados por questões tributárias, também pode ser explicada majoritariamente pelos preços de perfumes, além dos itens no grupo vestuário, móveis e utensílios e artigos de limpeza.

A média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central caiu para 0,83% no mês (ante 0,99% em fevereiro), levando a medida em 12 meses para 8,77% (ante 8,32%), maior nível da série histórica iniciada em 2013. Adicionalmente, o índice de difusão subiu para 75,5% (ante 69,5% em janeiro), levando a média móvel de 12 meses a acelerar para 68,1% (ante 67,2%).

Na nossa leitura, o IPCA-15 mostrou uma dinâmica e composição ainda desfavoráveis, reforçando nossa tese de elevação de 100bps na Selic em maio.

*Felipe Sichel é estrategista-chefe do banco digital Modalmais

você pode gostar também

Comentários estão fechados.