ANÁLISE: Copom, IBC-BR e o mercado

Todos os ciclos econômicos apresentam oportunidades

É sempre interessante entender que o IBC-BR é um indicador que tenta prever o PIB e ajuda diretamente o Banco Central do Brasil e Comitê de Política Monetária – Copom na manutenção da Selic. O indicador é calculado a partir de estimativas de produção da agropecuária, indústria e serviços somados dos impostos sobre produtos e são estimados a partir da evolução da oferta total.

Como o mercado está reagindo a essa possibilidade, mesmo com o IBC-BR vir acima do esperado pelo mercado?

O IBC-BR orienta diretamente a autoridade monetária, mas não é o único dentro de uma grande soma de indicadores e cálculos que, inclusive, ajudam o próprio mercado a entender as decisões autárquicas.

Hoje temos grandes desafios econômicos, o primeiro está relacionado a meta de inflação que representa um desfio muito maior e que o IBC-BR não contempla. Mesmo com a inflação em queda – grande parte artificialmente produzida por impostos – ainda temos que considerar a volatilidade de itens como energia e alimentos. Enquanto esses itens estiverem em patamares altos teremos indicativa de que a economia ainda não reagiu de forma esperada ao ciclo de alta e o BCB ainda tem dificuldades de combatê-la.

O segundo grande desafio é a economia global e os impactos da guerra na Ucrânia e de uma possível recessão nos Estados Unidos e como esses eventos afetariam a nossa economia.

Claro que sempre esperamos o “barateamento da Selic”, mas o Copom tem se mantido conservador e o mercado deve reagir de acordo.

Com a IBC-BR acima do esperado, indicando uma economia aquecida, este é o momento para se investir?

Sem dúvida! Acredito que todos os ciclos econômicos apresentam oportunidades de investimento. Desde que o investidor tome cuidado e entenda os riscos de cada investimento. Para os que já investem aconselho que, com calma, avaliem suas posições.

Caso a Selic seja mantida em 13,75%, qual é o real impacto no setor do agronegócio?

Sempre que consideramos a SELIC alta precisamos levar em conta o agronegócio. A taxa básica de juros baliza o custo dos empréstimos e financiamentos, o que encarece a atividade produtora e os créditos privados da industrialização das áreas do agro.

A alta taxa é um fator de retração ao investimento direto nessas áreas, ou seja, automaticamente coloca barreiras para o crescimento do agro, mas o mercado mesmo com essa taxa está e tende a crescer ainda mais.

*Rafael Ferreira é sócio do Grupo Fictor

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