A Americanas, em Recuperação Judicial, anunciou há pouco que protocolou nesta segunda-feira (18) nova manifestação ao processo de Produção Antecipada de Provas movido pelo Bradesco em que traz mais evidências de que a antiga diretoria omitia informações sobre a existência de Risco Sacado. Uma delas é planilha, anexada ao processo, que foi levada pela antiga Diretoria à apreciação do Comitê Financeiro em novembro de 2022 e que escondia o volume real das dívidas existentes com os bancos nesta categoria de empréstimo.
Nesta planilha, o grau de endividamento financeiro bruto era muito menor do que se descobriu ser o verdadeiro valor: perto de R$17 bilhões no final de 2022 e com projeção de queda para os anos seguintes. Uma simples comparação com o Quadro Geral de Credores mostra essa distorção. No caso do Bradesco, por exemplo, o endividamento informado nesta planilha era de cerca de R$ 989 milhões, enquanto a dívida do Banco, incluindo o Risco Sacado, equivale a cerca de R$ 5 bilhões, segundo a lista que consta no processo de Recuperação Judicial.
No mesmo documento enviado à Justiça, a Companhia também detalha o processo de criação do Programa de Antecipação de Fornecedores (PAF) e mostra que o mesmo não tem qualquer relação com o tema Risco Sacado, como o Bradesco alegou em petição judicial. Como consta de ata da Ame anexada ao mesmo processo, o PAF é um programa de antecipação de fornecedores com caixa próprio, implantado no final de 2021. Sua implantação foi amplamente discutida e aprovada junto aos órgãos superiores de governança da empresa e o programa está devidamente registrado nos demonstrativos contábeis, assim como foi informado ao mercado com total transparência. Trata-se, portanto, de financiamento com caixa da Companhia e, como tal, não representa dívida junto a bancos, como o Bradesco teve a intenção de qualificar.
A Americanas responde também a acusação do Bradesco de que promoveu obstáculos para dificultar o andamento do processo. No documento, a companhia aponta as falhas dessa narrativa e reitera as razões de ter solicitado a suspensão do mesmo à Justiça. A Americanas lamenta que a instituição esteja se valendo da falsa narrativa trazida pelo principal acusado de ter conduzido a fraude na empresa para fazer acusações infundadas e desprovidas de provas contra a Companhia.
A Americanas reafirma que confia na competência de todas as autoridades envolvidas nas apurações e investigações e lembra que, desde a apresentação de provas sólidas e consistentes à Comissão Parlamentar de Inquérito há mais de três meses, nenhum dos ex-diretores identificados como participantes da fraude de gestão apresentou nenhuma contraprova que invalide as mesmas. A Companhia é a maior interessada no esclarecimento de todos os fatos e reforça que irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.