A Acesso Digital anunciou nesta segunda-feira (21) um aporte de R$ 580 milhões liderado pela General Atlantic e SoftBank, uma vez que o isolamento social para conter a pandemia da Covid-19 acelerou a demanda por serviços remotos como o de identificação por biometria e assinatura eletrônica prestados pela companhia.
“O aporte vai nos permitir entrar em mercados como de telemedicina, e-commerce e telecomunicações, além de investir na contratação de engenheiros e em aquisições estratégicas”, disse o fundador e presidente da Acesso Digital, Diego Martins, em entrevista por videoconferência.
Startup
Startup criada em 2007, a Acesso Digital há quatro anos tem se dedicado às tecnologias de reconhecimento facial, admissão à distância e assinatura eletrônica, serviços com os quais atende grandes bancos, varejistas como B2W, Carrefour Brasil e Magazine Luiza, entre outros.
Em janeiro, arrematada uma primeira rodada de investimento de 40 milhões de reais da Igah Ventures (ex-e.Bricks Ventures), que precedeu uma guinada da Acesso Digital para crescimento via aquisições. No mês passado, comprou uma startup gaúcha de análise de imagens Meerkat.
Transações
Mas com o volume de transações da empresa dobrando desde o início da pandemia, o plano de expansão está sendo acelerado, de forma orgânica e via aquisições.
Segundo Martins, uma companhia tem cerca de 150 vagas em aberto, sobretudo para engenheiros, para reforçar o tempo atual de 230 funcionários.
Aquisição de rivais
Parte do reforço da equipe pode vir da aquisição de rivais menores, em um movimento semelhante ao de gigantes de tecnologia, um caminho alternativo para enfrentar uma dificuldade de atrair talentos no mercado.
Com isso, além de ampliar a base de clientes, a Acesso Digital prevê desenvolver soluções proprietárias mais complexas, como o uso de reconhecimento facial para cumprir pagamentos, solução já em piloto em alguns varejistas, e a biometria de íris, tida como próxima geração da biometria.
Nichos
O anúncio mostra também como grandes investidores globais da indústria de capital de risco identificarem novos nichos de negócios ligados a tecnologia na América Latina, que ganharam impulso de uma miríade de novos setores durante o isolamento para conter uma pandemia, incluindo educação e saúde.
“Vimos a tendência a longo prazo da digitalização ser ainda mais acelerada no momento atual”, afirmou em comunicado Martin Escobari, chefe para a América Latina do Atlântico Geral, que tem no Brasil investimentos em empresas como XP Inc, Gympass e QuintoAndar.
SoftBank
Já o SoftBank, que criou em 2019 um fundo de 5 bilhões de dólares com o foco na América Latina, por meio do qual investiu em empresas como Loggi, Banco Inter, Creditas e VTEX, viu na Acesso Digital com capacidade de escalar suas tecnologias “no ritmo de países concorrentes, como China e Estados Unidos ”, afirmou Paulo Passoni, sócio do SoftBank Latin America Fund.
Com o aporte, General Atlantic e SoftBank Latin America Fund assumem uma participação minoritária na Acesso Digital, na qual será necessário um assento cada uma no conselho de administração.
Martins, que prevê para 2020 faturamento de 150 milhões de reais, mais que o dobro dos 70 milhões no ano passado, já tem no horizonte o passo da Acesso: “nosso próximo plano é fazer IPO ainda sem controle da empresa, no prazo de 5 a 7 anos ”.
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