Seca na Amazônia e o preço da energia

Governo foi forçado a acionar termelétricas a um custo

O Norte do Brasil enfrenta uma estiagem devastadora que está desencadeando uma crise sem precedentes. Os rios Amazonas, Negro e Madeira, vitais para a região, estão secando a taxas alarmantes devido a uma combinação letal de mudanças climáticas e o fenômeno El Niño. Os impactos sociais e econômicos dessa crise já são palpáveis, com cerca de 557 mil pessoas afetadas, 59 dos 62 municípios do Amazonas em situação de emergência e 30 empresas, representando entre 10 e 15 mil trabalhadores, sendo forçadas a antecipar férias coletivas devido à falta de matéria-prima.

A situação é especialmente alarmante devido à dependência do Brasil de hidrelétricas, que normalmente fornecem cerca de 65% da energia do país. A Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, com capacidade instalada de 3.568 MW, ficou paralisada por duas semanas e agora opera com menos de 10% de sua capacidade.

Para evitar apagões, o governo foi forçado a acionar termelétricas a um custo exorbitante de mais de 15 vezes o preço da energia de Santo Antônio. Essa medida não só pressionará os preços de energia para todo o país, mas também destaca a vulnerabilidade do Brasil a eventos climáticos extremos.

Pedro Coletta, especialista da Equus Capital, enfatizou a urgência de diversificar a matriz energética do país em face das mudanças climáticas. “Eventos climáticos extremos estão se tornando mais intensos e frequentes. “Se não investirmos agora na diversificação da matriz energética, colocaremos em risco a segurança do fornecimento de energia país”, disse.

A falta de navegabilidade dos rios também está impactando severamente a economia local. Para solucionar esse problema, o Governo Federal anunciou compromissos com obras de dragagem, uma medida crucial para restaurar o fluxo de mercadorias na região. No entanto, essas ações emergenciais destacam a necessidade de planejamento a longo prazo e investimentos significativos em infraestrutura.

O especialista alerta que essa crise não deve ser vista como um evento isolado, mas como um vislumbre do futuro sob as mudanças climáticas. O aumento da resiliência do sistema elétrico e a diversificação da matriz energética são imperativos para garantir que o Brasil esteja preparado para enfrentar desafios semelhantes no futuro.

Enquanto o país se esforça para lidar com os efeitos imediatos dessa crise hídrica, a necessidade de medidas proativas e investimentos estratégicos em energias renováveis nunca foi tão clara. “O Brasil está no limiar de uma nova era energética, e sua capacidade de se adaptar determinará não apenas seu futuro econômico, mas também a qualidade de vida de milhões de brasileiros. Não podemos ancorar o desenvolvimento do nosso país na expectativa de que o clima que conhecemos até então se mantenha, nem basearmos as decisões de investimentos, a partir do preço atual da energia, pois, certamente, ele está abaixo do seu ponto de equilíbrio.” finaliza Coletta.

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